A importadora norte-americana Lucatelli Coffee redirecionou parte de seu café brasileiro para o Canadá para evitar a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil desde agosto de 2023. A medida busca reduzir custos diante do aumento das taxas que afetaram o mercado de café nos EUA, maior consumidor mundial da bebida.
A tarifa entrou em vigor em 6 de agosto de 2023, após decisão do governo de Donald Trump, motivada por questões políticas e comerciais. O café brasileiro representa tradicionalmente cerca de um terço dos grãos consumidos nos Estados Unidos. Desde então, importadores enfrentam custos elevados, cancelamentos de contratos e preços até 40% mais altos para o consumidor final.
Steven Walter Thomas, proprietário da Lucatelli Coffee, afirmou que o redirecionamento para o Canadá aumenta o custo com transporte, mas elimina o impacto da tarifa americana. Para isso, o carregamento foi armazenado temporariamente na Flórida, onde não incide o imposto. Caso o café seja vendido nos EUA, a tarifa permanece obrigatória.
O setor de café nos Estados Unidos registra estoques baixos, o que pressiona importadores e torrefadoras a buscar alternativas ao produto brasileiro. Algumas empresas cancelaram pedidos devido à alta nos custos, mas enfrentam dificuldades para encontrar substitutos com preços competitivos. Preços no mercado internacional de cafés da Colômbia, México e América Central subiram até 10% desde o anúncio da tarifa, enquanto o preço do café brasileiro apresentou queda de cerca de 5%.
No varejo americano, os preços do café moído e torrado aumentaram 41% em setembro de 2023 em comparação ao ano anterior, conforme dados do governo dos EUA. Esse aumento combina o impacto da tarifa americana com problemas climáticos que reduziram a produção global do produto.
Consumidores também sentem o impacto no bolso. Yasmin Vazquez, cliente habitual, relatou que o preço do seu café instantâneo preferido subiu de US$ 6 ou US$ 7 para US$ 11, com embalagem aparente menor.
A imposição da tarifa teve origem em motivações políticas, especialmente acusações feitas por Donald Trump contra o Supremo Tribunal Federal brasileiro em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Posteriormente, Bolsonaro foi condenado pelo STF, enquanto Trump e o atual presidente Lula iniciaram diálogo e se reuniram em outubro de 2023, expressando otimismo para o fim das tarifas, embora sem garantia de acordo imediato.
Steven Walter Thomas interpretou as tarifas como uma medida punitiva política, ressaltando o prejuízo direto sofrido por sua empresa e clientes, não pelo governo brasileiro. Ele afirmou que “não se trata de comércio, é entre Trump e Lula” e destacou o impacto econômico causado às importadoras.
Enquanto aguardam um possível desfecho político e uma redefinição nas tarifas, importadores e torrefadoras norte-americanas seguem lidando com os efeitos financeiros da medida, buscando novas estratégias para suprir o mercado e minimizar perdas.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com
