Importadores de café dos Estados Unidos enfrentam dificuldad

Importadores de café dos Estados Unidos enfrentam dificuldades quase três meses após a imposição de uma tarifa de 50% sobre o produto brasileiro, em vigor desde 6 de agosto de 2025. A medida afetou a cadeia de abastecimento da bebida, uma vez que o Brasil corresponde a um terço do café consumido nos EUA, principal mercado global.

Empresas americanas procuram alternativas ao café brasileiro, enquanto estoques diminuem e consumidores lidam com preços até 40% maiores. O proprietário da importadora Lucatelli Coffee, Steven Walter Thomas, afirmou que a tarifa é uma ação política, não comercial, e que os custos recaem sobre importadores e clientes, não sobre o Brasil.

A tarifa foi imposta pelo governo dos EUA em meio a tensões políticas, com acusações contra o Supremo Tribunal Federal brasileiro e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar disso, o presidente Joe Biden e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizaram uma reunião em 26 de outubro, com expectativas de negociação para o fim das taxas, embora nenhum acordo tenha sido confirmado.

Enquanto aguarda um possível desfecho, Lucatelli Coffee redireciona parte de suas cargas para o Canadá, arcando com custos logísticos maiores para evitar a tarifa. A empresa mantém cargas em armazém alfandegado na Flórida para postergar o pagamento do imposto, que incide caso o café seja importado formalmente pelos EUA.

Torrefadoras americanas também tiveram dificuldades para cancelar pedidos e evitar a tarifa, pagando multas que chegam a até US$ 25 por saca de café. Segundo um representante da Downeast Coffee Roasters, os estoques estão se esgotando rapidamente, o que pressiona o setor a buscar grãos substitutos que, porém, são mais caros.

A alta demanda por cafés de outras origens, como Colômbia, México e países da América Central, elevou seus preços em até 10%, enquanto os valores do café brasileiro caíram cerca de 5%. Importadores e torrefadoras evitam os grãos brasileiros na maior medida possível, o que afeta o fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos.

O cenário atual impõe desafios logísticos e financeiros para o setor de café nos EUA, com consumidores pagando valores mais altos pela bebida. O futuro dependerá das negociações bilaterais e da capacidade das empresas de se adaptarem às restrições tarifárias vigentes.

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Fonte: g1.globo.com