A série documental “Primavera nos dentes – A história do Secos & Molhados”, dirigida por Miguel de Almeida, estreia no Canal Brasil na sexta-feira, 31 de outubro, com quatro episódios que resgatam a trajetória do grupo que marcou a música brasileira na década de 1970. A produção enfrenta limitações na obtenção de entrevistas e direitos autorais, o que influenciou o conteúdo e a abordagem da obra.
A série é baseada no livro homônimo de Almeida, publicado em 2019, que detalha a formação, auge e dissolução do trio responsável por lançar Ney Matogrosso ao cenário musical nacional. A ausência de João Ricardo, único integrante vivo que não concedeu entrevistas nem autorizou a veiculação das músicas, resulta em uma visão parcial da história, sobretudo da implosão do grupo em 1974.
Sem as músicas autorais de João Ricardo, como “O vira” e “Sangue latino”, a produção recorre a soluções legais para compor a trilha sonora, incluindo temas inéditos criados por músicos que acompanharam o trio. Depoimentos de Ney Matogrosso, Gerson Conrad, Emílio Carrera e Willy Verdaguer formam a base do relato, trazendo perspectivas internas sobre a trajetória do Secos & Molhados.
O roteiro inclui depoimentos adicionais de artistas como Ana Cañas, Charles Gavin, Claudio Tovar, Paulo Mendonça e Roberto Frejat, porém essas contribuições agregam pouco em termos de informações originais. A série faz uso repetido de cenas da peça “O rei da vela” e de takes de filmes para complementar a narrativa, o que pode causar dispersão no foco principal.
No último episódio, a série concentra-se nas desavenças que levaram à dissolução do grupo, abordando questões antigas e controvérsias envolvendo o empresário João Apolinário, pai de João Ricardo, e Moracy do Val, antigo empresário do trio. O conflito é exposto através dos relatos dos próprios envolvidos, oferecendo um contraponto à narrativa oficial.
Apesar dos entraves na produção, “Primavera nos dentes” mantém a relevância para fãs e interessados em música brasileira ao preservar testemunhos de figuras centrais e explorar o contexto cultural e social do período. A obra evidencia a influência duradoura do grupo, que, embora tenha tido carreira curta, deixou marca significativa na história da música nacional.
Dessa forma, a série documental cumpre o papel de registrar visualmente uma das histórias mais emblemáticas da música brasileira, mesmo com as restrições impostas pela ausência de vozes essenciais e limitações na utilização da música original. A produção reforça o legado do Secos & Molhados e permite revisitar uma fase de transformação artística no país.
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Palavras-chave relacionadas: Secos & Molhados, Ney Matogrosso, série documental, primavera nos dentes, Canal Brasil, música brasileira, Miguel de Almeida, João Ricardo, Moracy do Val, música dos anos 1970
Fonte: g1.globo.com
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