As eleições legislativas na Argentina ocorrem neste domingo

As eleições legislativas na Argentina ocorrem neste domingo (26) e são decisivas para a economia do país, que enfrenta desvalorização do peso e escassez de reservas em dólares. O governo do presidente Javier Milei busca ampliar sua base no Congresso enquanto aguarda a execução de um pacote bilionário de ajuda financeira dos Estados Unidos, condicionado ao sucesso eleitoral de seu partido.
Na última semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu Milei na Casa Branca e afirmou que o apoio financeiro de Washington depende do desempenho do partido de Milei nas eleições. Trump declarou que, em caso de derrota, os Estados Unidos não serão generosos com a Argentina, ressaltando que os acordos dependem do vencedor do pleito.
O pacote inicial de ajuda envolve uma linha de swap cambial de US$ 20 bilhões, que visa reforçar as reservas internacionais argentinas e proporcionar maior estabilidade econômica. Essa operação permite a troca temporária de moedas, aumentando a liquidez em dólares sem recorrer a empréstimos tradicionais, e deve ajudar o país a enfrentar a escassez de reservas.
Apesar das declarações de Trump, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, adotou um tom mais moderado, garantindo apoio financeiro enquanto o governo de Milei mantiver “boas políticas”, independentemente do resultado eleitoral. Ele também anunciou a criação de uma linha de crédito adicional de US$ 20 bilhões para investir na dívida soberana argentina, o que pode elevar a ajuda total dos EUA para cerca de US$ 40 bilhões.
O Banco Central da Argentina confirmou o socorro de US$ 20 bilhões, mas não detalhou a data de liberação dos recursos.
Nos últimos meses, Milei enfrentou uma crise política após o vazamento de um áudio em que sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência, foi acusada de corrupção. A denúncia aponta que Karina e um subsecretário cobrariam propinas de indústrias farmacêuticas para compras públicas, o que está sendo investigado pela Justiça.
Em meio a esse cenário, Milei sofreu derrota nas eleições da província de Buenos Aires em setembro, o principal eleitorado do país. O resultado impactou negativamente os mercados: títulos públicos, ações e a cotação do peso registraram queda, aumentando os temores com a inflação e a capacidade do governo de avançar na reestruturação fiscal.
Investidores demonstram preocupação de que, sem maior força política, a gestão Milei não consiga implementar sua agenda de cortes de gastos e ajuste das contas públicas. Na sexta-feira (24), pouco antes do pleito, o peso argentino atingiu a pior cotação desde o início do governo, negociado a 1.492,45 por dólar.
Neste domingo, estarão em disputa 127 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 do Senado, metade e um terço das respectivas casas legislativas. Atualmente, o movimento peronista detém a principal oposição e busca renovar cerca de metade dos assentos na Câmara.
O partido La Libertad Avanza, de Milei, possui 37 deputados e seis senadores. A província de Buenos Aires será o principal campo de batalha eleitoral, com muitas cadeiras em jogo.
Especialistas indicam que, se o partido de Milei obter mais de 35% dos votos, o resultado será interpretado como crescimento político, superando os 30% alcançados no primeiro turno da eleição presidencial de 2023. Aproximar-se dos 40% será considerado um desempenho muito positivo.
O partido de Milei precisará de aproximadamente um terço das cadeiras no Congresso para impedir votos contrários a seus projetos e vetos, o que pode exigir a formação de alianças políticas. O governo já sinaliza aproximação com o PRO, partido de centro liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri.
O resultado das eleições deste domingo poderá definir os rumos da aliança política de Milei e o nível de apoio externo dos Estados Unidos, influenciando diretamente a capacidade do governo de enfrentar os desafios econômicos da Argentina nos próximos anos.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com