A tosquia de ovinos é realizada no início da primavera

A tosquia de ovinos é realizada no início da primavera em propriedades do interior paulista para garantir o bem-estar dos animais durante o período de calor. Criadores em cidades como Marília e Pirapozinho destacam que o procedimento reduz o estresse térmico e contribui para a saúde dos rebanhos.
No distrito de Rosália, em Marília (SP), o cabanheiro Paulo Henrique Zucon prepara a tosquia de mais de 100 ovelhas da raça Suffolk. O cuidado começa pelo afiar das lâminas da máquina para evitar ferimentos e facilitar o trabalho. “A máquina precisa estar bem afiada, senão machuca o animal e o trabalho fica mais pesado”, explica Paulo.
Cada ovelha Suffolk passa pela tosquia uma vez ao ano. Embora pareça simples, o procedimento requer técnica, firmeza e calma para não causar estresse aos animais. O corte é planejado para proteger os ovinos e preservar o bem-estar durante a manipulação.
De acordo com o criador Flávio Luiz Zambon, o cronograma da tosquia segue o calendário reprodutivo dos animais. A falta do procedimento pode deixar as ovelhas mais pesadas, acumulando areia na lã, o que prejudica a reprodução do rebanho.
Em Pirapozinho (SP), o zootecnista Rafael Rodrigues mantém a mesma rotina de tosquia no início da primavera, reforçando o objetivo do corte para promover conforto térmico. “A lã é um isolante natural. Mas o excesso causa estresse. Aqui, onde faz muito calor, é importante tosquiar antes do verão, para que o animal tenha menos lã nas épocas mais quentes”, afirma.
Existem duas formas principais de tosquia: a completa, realizada na primavera para retirar toda a lã, e a higiênica, que remove o pelo em áreas específicas, como vulva e rabo. Esta última previne o acúmulo de fezes e o surgimento de miíase, doença causada por larvas que afetam a pele dos ovinos.
Apesar de aliviar o calor, a lã não é considerada prejudicial pelos criadores. O zootecnista ressalta que ela protege contra o frio e o sol forte. Segundo ele, o manejo ideal combina tosquia, sombra e acesso a água fresca para garantir o conforto do rebanho.
As ovelhas da raça Suffolk, criadas principalmente para produção de carne, não possuem lã valorizada comercialmente. Em São Paulo, a lã extraída costuma ser descartada. “A lã dessa raça é curta e não tem valor comercial. Nosso foco é o manejo e o bem-estar dos animais”, explica Rafael Rodrigues.
Mesmo sem retorno econômico direto, a tosquia é considerada essencial para a saúde, o conforto e a produtividade dos animais. A prática reflete o cuidado dos criadores com o manejo responsável e a conservação do rebanho para as próximas estações.
A reportagem foi exibida no programa Nosso Campo em 26 de outubro de 2025.
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Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com