Economia

Seis em cada dez trabalhadores brasileiros pensaram em

Seis em cada dez trabalhadores brasileiros pensaram em
  • Publishedoutubro 23, 2025

Seis em cada dez trabalhadores brasileiros pensaram em pedir demissão em 2025, segundo a 3ª edição da pesquisa Engaja S/A, realizada pela Flash em parceria com a FGV-EAESP. O estudo aponta que 61% dos profissionais estão desengajados, reflexo de ambientes corporativos rígidos e menor tempo para a vida pessoal.

O levantamento mostra que o retorno ao trabalho presencial, jornadas intensas e falta de flexibilidade agravam o desengajamento. Atualmente, 39% dos trabalhadores dizem estar engajados, o menor índice dos últimos três anos. Entre os que cogitaram deixar seus empregos, 23% consideram isso com frequência, 64% buscaram novas vagas e 42% participaram de entrevistas.

Renato Souza, professor de recursos humanos da FGV-EAESP e coautor do estudo, destaca que a remuneração deixa de ser o fator central para o engajamento, que depende mais da qualidade da gestão, da confiança e das oportunidades de desenvolvimento. O estudo indica uma piora nos aspectos “minhas opiniões são valorizadas”, “tempo para projetos pessoais”, “autonomia” e “flexibilidade”.

A pesquisa atribui notas entre 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente) para diversos atributos do ambiente de trabalho. Entre os piores avaliados estão tempo para projetos pessoais (3,13), bônus e remuneração variável (3,28) e mobilidade interna (3,33). Capacitação, valorização do colaborador e benefícios financeiros também receberam notas abaixo de 3,6.

Pela primeira vez, o estudo calculou o impacto financeiro do desengajamento, que pode causar perdas de até R$ 77 bilhões anuais para as empresas. A maior parte do custo, cerca de R$ 71 bilhões, está relacionada à rotatividade, enquanto R$ 6,3 bilhões são provenientes do presenteísmo, quando o trabalhador está presente, mas improdutivo.

A ligação entre saúde mental e desengajamento foi outro ponto destacado. Um em cada cinco trabalhadores apresenta sintomas diários de ansiedade, insônia ou fadiga. Entre os jovens da Geração Z, 25% relatam ansiedade constante, contra 7% dos Baby Boomers, que têm maiores índices de engajamento (45%).

A jornada também influencia na motivação. Profissionais com regime de trabalho de quatro dias por semana têm 53% de engajamento, acima dos 39% da média nacional. Regimes intensos, como 6×1 e 12×36, apresentam níveis menores: 40% e 36%, respectivamente, e maior incidência de sintomas como ansiedade, insônia e fadiga.

No regime 12×36, 23% sentem ansiedade diária, 22% sofrem fadiga, 23% enfrentam insônia e 14% indicam depressão. Já no 6×1, 22% afirmam ansiedade diária, 21% insônia e 23% tensão constante. Renato Souza alerta que estes dados indicam a necessidade de revisão das jornadas de trabalho no Brasil.

A pesquisa também aponta queda no engajamento entre lideranças. Executivos tiveram redução de 72% para 65% em um ano; gerentes, de 54% para 49%. Além disso, 25% dos executivos relatam ansiedade diária e 21% insônia, caracterizando uma “crise silenciosa” na alta gestão. O custo médio anual para a empresa por executivo desengajado é R$ 72,4 mil.

Em relação aos motivos que promovem maior motivação, o estudo indica que boas práticas de gestão superaram a confiança na liderança como principal fator em 2025. Trabalhadores valorizam processos claros e gestão estruturada. Modelos remoto ou híbrido, day off de aniversário e benefícios flexíveis são as iniciativas mais eficazes para o engajamento.

O trabalho remoto apresenta maior índice de engajamento (47%) comparado ao híbrido (42%) e presencial (37%). No entanto, apenas 8% dos colaboradores atuam integralmente em home office. A maioria, 73%, ainda trabalha presencialmente, percentual que subiu em relação a 2023.

O estudo também mostra que o contexto familiar influencia a motivação: casados têm 44% de engajamento contra 33% dos solteiros; pais e mães registram 45%, enquanto quem não tem filhos fica em 30%.

A pesquisa avaliou 5.397 trabalhadores de todas as regiões do país, entre junho e agosto de 2025. A maior parte dos respondentes recebe entre 1 e 3 salários mínimos, não tem ensino superior e trabalha em micro, pequenas ou médias empresas. O engajamento foi medido em seis dimensões: ambiente de trabalho, significado do trabalho, confiança na liderança, boas práticas de gestão, crescimento e remuneração.

O levantamento indica que a combinação de falta de flexibilidade, excesso de jornadas longas e ausência de espaços para ouvir os colaboradores contribui para o aumento da insatisfação no mercado de trabalho brasileiro.

**Palavras-chave para SEO:**

Engajamento no trabalho, desengajamento corporativo, pedido de demissão, jornada de trabalho, saúde mental no trabalho, rotatividade de funcionários, liderança corporativa, trabalho remoto, trabalho híbrido, pesquisa sobre trabalho no Brasil.

Fonte: g1.globo.com

Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

Written By
Caio Marcio

Leave a Reply