O disco “Raul 80 – Um tributo a Raul Seixas”

O disco “Raul 80 – Um tributo a Raul Seixas”, lançado recentemente, reúne sete faixas interpretadas por artistas como Ana Cañas, BNegão, Baia, Chico Chico, Maneva e Suricato, mas não traz novidades significativas à obra do músico. O álbum foi produzido por Rodrigo Suricato e apresenta versões de clássicos de Raul Seixas, um dos nomes mais relevantes do rock brasileiro, em celebração aos 80 anos de seu nascimento.

Com pouco mais de 24 minutos, o tributo soa muitas vezes apático e distante da energia original das canções de Raul. A interpretação de Maurício Baia para “Gita” foi apontada como desanimada, com pouco vigor e afastada da força que o refrão carrega desde 1974. A qualidade instrumental, apesar de adequada, não consegue resgatar a essência das músicas que marcaram gerações.

Ana Cañas abriu o projeto com “Metamorfose ambulante”, trazendo um arranjo com instrumentos como pedal steel, bandolim e guitarra, que deu um toque country à faixa. Ainda assim, o resultado foi considerado desprovido de impacto, reforçando o caráter dispensável deste tributo fonográfico.

A escolha de incluir sete faixas coloca o álbum na fronteira entre EP e álbum completo, o que também contribui para a sensação de que a obra não acrescenta ao repertório de Raul Seixas. A faixa “Cowboy fora da lei”, interpretada por Suricato em clima country-blues e com a gaita de Flávio Guimarães, apresentou afinação e clareza, mas faltou a força e a verve originais da música.

A banda Maneva revisitou “Eu nasci há dez mil anos atrás” em versão reggae, porém, segundo a avaliação, perdeu a mística que envolve a canção em sua versão original. A falta de emoção e comprometimento nas interpretações gera um contraste negativo em relação ao trabalho intenso e cheio de personalidade de Raul Seixas.

Entre as poucas exceções, as interpretações de Chico Chico e BNegão se destacam por trazerem personalidade e energia às faixas. Chico Chico deu vida a “Moleque maravilhoso”, imprimindo alma e ironia, enquanto BNegão adotou uma abordagem mais livre e vigorosa em “Tente outra vez”, deixando de lado formalidades técnicas para focar na expressão.

O álbum termina com todos os artistas reunidos em uma versão de “Sociedade alternativa”, que tenta retomar a essência do rock’n’roll brasileiro adaptado por Raul Seixas. Esta faixa busca fechar o tributo com uma homenagem coletiva, mas não eleva a obra a um patamar significativo.

Em resumo, “Raul 80 – Um tributo a Raul Seixas” carece da força e da originalidade que caracterizaram o legado do artista. Apesar dos esforços de alguns participantes, o disco apresenta uma série de interpretações mornas que não contribuem para uma nova releitura impactante do repertório do cantor.

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Fonte: g1.globo.com