A Kering, controladora da Gucci, vendeu sua divisão de beleza para a L’Oréal por 4 bilhões de euros (US$ 4,7 bilhões) em um movimento para reduzir a dívida e focar no segmento de moda. A negociação foi acelerada em abril de 2024, pouco após Luca de Meo assumir como CEO do grupo francês.
No acordo, a L’Oréal adquiriu a marca de perfumes Creed, comprada pela Kering em 2023 por 3,5 bilhões de euros. A empresa francesa também garantiu direitos exclusivos por 50 anos para desenvolver fragrâncias e produtos de beleza das marcas do grupo, incluindo Bottega Veneta, Balenciaga e Gucci. A licença da Gucci fica com a L’Oréal por 50 anos, após o fim do contrato vigente com a Coty, previsto para 2028.
Analistas da Bernstein consideram a venda uma medida necessária, apesar do valor estar próximo ao pago pela Creed há dois anos. A decisão de venda já era cogitada antes da entrada de De Meo na Kering, mas o CEO italiano acelerou as negociações com a L’Oréal em abril, segundo fontes próximas ao assunto.
A compra da Kering Beauté pela L’Oréal é a maior aquisição da empresa até agora, superando a aquisição da marca australiana Aesop, feita em 2023 por US$ 2,5 bilhões. Para a Bernstein, o negócio é estratégico, pois a Creed é vista como uma das marcas mais promissoras do mercado de fragrâncias de luxo.
Após o anúncio, as ações da Kering subiram 4,7%, enquanto as da L’Oréal avançaram 1,4%.
A venda faz parte da estratégia do novo CEO da Kering de reduzir a dívida líquida, que estava em 9,5 bilhões de euros no fim de junho, além de obrigações de arrendamento de longo prazo que somavam 6 bilhões de euros. Essa pressão financeira preocupava investidores.
O movimento também representa uma mudança de direção na gestão do grupo, que criou a divisão de beleza em 2023 após a aquisição da Creed para diversificar sua receita. No entanto, a Kering Beauté enfrentou dificuldades, registrando prejuízo operacional de 60 milhões de euros no primeiro semestre de 2024.
Além disso, a Gucci, principal marca do grupo, teve queda nas vendas, principalmente devido à desaceleração da demanda na China. A receita da grife caiu 25% no último trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior.
De Meo afirmou que irá tomar decisões difíceis para reduzir a dívida, como a reorganização do grupo e a venda de ativos. A Kering também adiou o plano de adquirir completamente a marca italiana Valentino e busca vender participações em imóveis para reforçar seu caixa.
A L’Oréal, fabricante de marcas como Maybelline e CeraVe, já opera no mercado de perfumes e atualmente detém a licença para a Yves Saint Laurent, adquirida da Kering em 2008 por 1,15 bilhão de euros. As duas empresas mantêm uma joint venture para atender o público de luxo.
Segundo analistas, o segmento de fragrâncias representa cerca de 14% da receita da L’Oréal em 2024 e apresentou crescimento acima de dois dígitos no segundo trimestre. O momento favorável da empresa levou à decisão de assumir as licenças de marcas da Kering pouco exploradas em beleza e perfumes.
Ainda não se sabe como a negociação afetará as conversas entre a L’Oréal e o grupo Armani, que também manifestou interesse em movimentações estratégicas no setor.
A Kering foi assessorada pelos bancos Evercore e Centerview, enquanto a L’Oréal contou com apoio do Bank of America e Rothschild. A conclusão da transação está prevista para o primeiro semestre de 2026.
Palavras-chave: Kering, Gucci, venda, L’Oréal, divisão de beleza, Creed, redução de dívida, Luca de Meo, moda, perfumes, fragrâncias, mercado de luxo, balanço financeiro, aquisição, estratégias empresariais, cosméticos, mercado asiático.
Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com

