Torres de vigilância com câmeras têm sido instaladas em prédios residenciais e comerciais de São Paulo e Rio de Janeiro desde 2019, com o objetivo de aumentar a segurança. Essas torres, conectadas a programas públicos de monitoramento, geram dúvidas sobre o uso dos dados coletados e a eficácia na redução da criminalidade.
Os equipamentos são principalmente instalados em condomínios, mas também começam a surgir em edifícios comerciais. Moradores acessam as imagens por aplicativos que mantêm o histórico por até 14 dias, e alguns sistemas oferecem botão de pânico para emergências, acionando a polícia ou os bombeiros.
O custo do serviço varia conforme o número de torres contratadas, com preços que vão de cerca de R$ 389 a R$ 1,5 mil por unidade ao mês. As imagens captadas podem ser compartilhadas com a polícia mediante solicitação formal, e as câmeras não utilizam reconhecimento facial.
Em São Paulo, as torres privadas podem se conectar a sistemas públicos como o Smart Sampa, que integra cerca de 40 mil câmeras, entre públicas e parceiras privadas. Empresas como CoSecurity e Gabriel fornecem as imagens ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) no Rio de Janeiro e participam do Smart Sampa em São Paulo.
Segundo essas empresas, o monitoramento auxiliou na captura de milhares de suspeitos e na recuperação de veículos. A CoSecurity afirma ter contribuído para mais de 3 mil prisões em flagrante, enquanto a Gabriel destaca o indiciamento de centenas de suspeitos e recuperação de carros roubados.
Contudo, pesquisadores em segurança pública manifestam preocupações sobre a falta de transparência no uso dos dados coletados pelas torres. Eles apontam ausência de regulamentação e risco de uso indevido das imagens para fins privados ou corporativos, sem controle dos cidadãos.
Especialistas destacam que não há estudos que comprovem a eficácia dessas torres na redução do crime. Eles também alertam para a ausência de responsabilização das empresas responsáveis pelos sistemas privados de segurança.
Além disso, o uso das torres levanta questões relacionadas à privacidade, já que a captura contínua de imagens registra a rotina de moradores e comerciantes, expondo dados sensíveis que podem ser acessados de forma inadequada.
Em alguns casos, a vigilância mostra-se insuficiente para coibir crimes, como ocorrências de roubos de celulares em condomínios mesmo com a presença dos totens. A polícia enfrenta limitações estruturais para investigar todos os crimes, o que dificulta o aproveitamento integral das imagens de alta resolução.
Outro desafio técnico é a dificuldade de identificação dos suspeitos, especialmente em crimes cometidos por motoqueiros com capacete, o que limita a eficácia dos sistemas integrados ao Smart Sampa.
As torres também geram impactos urbanísticos, pois muitas estão instaladas em calçadas públicas, o que só é permitido mediante autorização da prefeitura. Em São Paulo, foram identificadas torres das empresas Defender, MasterCam e Gabriel em vias públicas, mas ainda não há confirmação se todas possuem essa autorização.
Além do uso formal, imagens captadas pelas câmeras circulam informalmente, por meio de fotos compartilhadas em grupos de WhatsApp, o que pode gerar riscos de perseguição e vigilância indevida.
Pesquisadores defendem a necessidade de regulamentação para limitar o acesso aos dados, impedir a circulação não autorizada das imagens e garantir a transparência no uso dessas tecnologias. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) informou ao g1 que o tema está em sua agenda para 2025-2026, com foco nas questões relacionadas à biometria facial.
A expansão das torres de vigilância reforça o debate sobre segurança pública, privacidade e regulação tecnológica, exigindo equilíbrio entre os benefícios do monitoramento e os direitos dos cidadãos à proteção de seus dados.
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Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com

