O filme “Depois da Caçada”, dirigido por Luca Guadagnino e protagonizado por Julia Roberts, abriu o Festival do Rio 2025 na quinta-feira (2). A produção estreia nos cinemas de São Paulo e Rio de Janeiro em 9 de outubro e chega às demais cidades brasileiras em 16 de outubro. O longa aborda um caso controverso envolvendo acusações de abuso, explorando dúvidas e tensões entre os personagens.
Na história, Alma Imhoff (Julia Roberts) é professora de Filosofia na Universidade de Yale e enfrenta um conflito quando sua aluna Maggie (Ayo Edebiri) acusa Hank Gibson (Andrew Garfield), colega de Alma, de abuso. Dividida entre defender o amigo e acreditar na aluna, Alma lida também com segredos pessoais que podem agravar a situação. O roteiro, escrito por Nora Garrett, aposta em diálogos diretos que criam confrontos psicológicos e levantam questionamentos sobre a verdade dos fatos.
A direção de Guadagnino se destaca ao construir momentos de tensão, especialmente no terço final do filme, e ao extrair boas performances do elenco. No entanto, o filme apresenta ritmo irregular, com cenas iniciais que se estendem em debates prolixos e causam dispersão no espectador. Esse arrasto prejudica o interesse e compromete a narrativa, apesar do retorno da tensão nas sequências finais.
O longa também evita dar características que possam gerar empatia clara pelo público em seus personagens. Isso resulta numa certa apatia diante dos destinos de Alma, Hank e Maggie, que exibem comportamentos difíceis e, em alguns momentos, desagradáveis. Apenas um personagem revela aspectos que despertam maior consideração.
O elenco sustenta o filme com interpretações sólidas. Julia Roberts constrói sua personagem como uma mulher controlada, mas tensionada pelas circunstâncias e por dilemas do passado. Ayo Edebiri representa a ambiguidade de Maggie, ora vítima, ora manipuladora, enquanto Andrew Garfield sai de seus papéis mais heroicos para um personagem que mistura virtudes e falhas ocultas sob uma fachada simpática. Michael Stuhlbarg oferece momentos de alívio cômico, mas com profundidade inesperada, reforçando sua presença consistente nas produções de Guadagnino.
Tecnicamente, o filme é bem elaborado, com destaque para o design gráfico, figurinos e trilha sonora, assinada por Trent Reznor e Atticus Ross, que também inclui canções brasileiras de Tom Jobim e Caetano Veloso. Essas escolhas enriquecem a ambientação e o tom da narrativa.
“Depois da Caçada” provoca tanto admiração quanto críticas, principalmente por seu andamento irregular e algumas escolhas narrativas questionáveis que limitam seu impacto. Ainda assim, o filme cumpre um papel importante ao estimular discussões sobre questões delicadas envolvendo abuso, verdade e justiça, cumprindo parte da função social do cinema.
Palavras-chave: Depois da Caçada, Luca Guadagnino, Julia Roberts, Festival do Rio 2025, drama, abuso, suspense psicológico, Andrew Garfield, Ayo Edebiri, Michael Stuhlbarg, trilha sonora, lançamento cinematográfico.
Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com

