A Polícia Federal desmantelou uma quadrilha investigada por fraudar concursos públicos entre 2015 e 2025, em operação deflagrada na última quinta-feira (2) em vários estados do Brasil. O esquema, conhecido como “Máfia dos concursos”, utilizava métodos ilegais para garantir a aprovação de candidatos mediante pagamento que chegava a R$ 500 mil por vaga, segundo as investigações.
A investigação começou após denúncia anônima que apontava um núcleo familiar em Patos, Paraíba, suspeito de vender gabaritos para concursos. A análise dos cartões de resposta do Concurso Nacional Unificado (CNU) 2024 revelou respostas idênticas, inclusive com os mesmos erros, mesmo entre diferentes versões da prova, o que levou a Polícia Federal a identificar um padrão de fraude.
O grupo utilizava métodos como pontos eletrônicos implantados cirurgicamente para comunicação durante as provas, dublês que substituíam candidatos com documentos falsificados e acesso antecipado aos gabaritos. A organização era liderada por Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar expulso em 2021, que foi aprovado no CNU para o cargo de Auditor Fiscal do Trabalho, mas não chegou a se apresentar ao curso de formação.
Além de Wanderlan, a quadrilha envolvia familiares, entre eles filho, irmãos, cunhada e sobrinha, além de conhecidos. A mãe de Larissa Neves, Georgia Neves, chamou a atenção das autoridades após depositar R$ 419 mil em espécie, despertando suspeitas de lavagem de dinheiro. A movimentação financeira do grupo incluía transações disfarçadas por meio de veículos, imóveis, ouro e procedimentos odontológicos.
Em um dos casos, Mariana Abreu teria realizado provas em nome de terceiros em concursos da Polícia Científica de Alagoas e da Polícia Civil de Pernambuco. A investigação revelou ainda que o grupo utilizava “laranjas” para ocultar a verdadeira titularidade dos recursos financeiros.
A Polícia Federal obteve autorização judicial para buscas, apreensões, interceptações telefônicas e quebras de sigilo bancário e telemático. Uma ação controlada permitiu o monitoramento de Antônio Limeira durante um concurso da Polícia Federal, reforçando as evidências do esquema.
Durante a operação, foram apreendidos celulares, computadores, documentos e um cofre com registros que comprovam a atuação criminosa. Entre os nomes citados ainda estão Ariosvaldo Lucena de Sousa Júnior, policial militar no Rio Grande do Norte, e Thyago José de Andrade, responsável por controlar os pagamentos.
Três pessoas foram presas preventivamente: duas em Recife (PE) e uma em Patos (PB). Até o momento, não há indícios diretos de envolvimento das bancas organizadoras, mas o inquérito cita possíveis conexões com servidores públicos, profissionais da saúde e intermediários locais que recrutavam candidatos e movimentavam dinheiro.
As defesas dos investigados negam as acusações ou afirmam que ainda estão na fase de investigação. Alguns alegam que as evidências se baseiam em presunções, enquanto outros esperam acesso integral aos autos para apresentar sua versão.
Os ministérios da Justiça, Segurança Pública e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos acompanham as investigações e afirmaram que todas as medidas judiciais estão sendo cumpridas. Também reforçaram a segurança no Concurso Nacional Unificado de 2025, realizado recentemente.
A operação contra a “Máfia dos concursos” segue em andamento, com o objetivo de aprofundar as investigações e responsabilizar todos os envolvidos no esquema de fraudes em concursos públicos.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com

