Jeff bezos defende investimentos bilionários em inteligência

Os investimentos em inteligência artificial (IA) continuam a crescer globalmente, atingindo US$ 1,5 trilhão (R$ 8,01 trilhões) em 2025, com previsão de ultrapassar US$ 2 trilhões (R$ 10,68 trilhões) em 2026, segundo a empresa Gartner. Apesar do montante, o retorno financeiro permanece baixo, gerando dúvidas sobre uma possível “bolha” no setor.

Na Tech Week 2025, realizada em Turim, na Itália, Jeff Bezos, fundador da Amazon, defendeu o atual volume de investimentos em IA, comparando o momento atual ao período das bolhas industriais que, segundo ele, acabam beneficiando a sociedade ao promover inovações duradouras. Bezos destacou que investidores aplicam bilhões em equipes ainda sem produto consolidado, como no caso da OpenAI, dona do ChatGPT.

A OpenAI, liderada por Sam Altman, é central nesse aumento de investimentos, tendo levantado US$ 40 bilhões em março de 2025, elevando seu valor de mercado para cerca de US$ 500 bilhões. A empresa lidera projetos como o Stargate, que mobiliza US$ 400 bilhões para construção de data centers no Texas, fundo que conta com apoio de grandes grupos como Microsoft, Nvidia e Oracle, além do banco Softbank e do governo dos EUA.

A construção e operação desses data centers é responsável por parte significativa do aumento dos custos e demanda energética da área. São necessários investimentos de até US$ 500 bilhões anuais em infraestrutura até 2030 para sustentar o crescimento da IA, exigindo uma receita global superior a US$ 2 trilhões para manter o equilíbrio financeiro do setor, de acordo com a consultoria Bain & Company.

A Nvidia anunciou planos para investir US$ 100 bilhões no apoio à OpenAI e na ampliação da rede de data centers. Entretanto, o modelo de financiamento suscita críticas, especialmente práticas como o “financiamento circular”, em que empresas investem em startups que consomem seus próprios produtos, gerando questionamentos sobre a sustentabilidade desses negócios.

Apesar do alto volume de recursos, a OpenAI registrou receita de apenas US$ 4,3 bilhões nos primeiros seis meses de 2025, patamar considerado baixo diante do capital investido. Concorrentes diretas, como Anthropic e Mistral, também enfrentam desafios para garantir financiamento constante.

No Brasil, a expansão dos data centers pode resultar em consumo energético equivalente ao uso anual de eletricidade por 16 milhões de residências, alinhado a uma tendência mundial que projeta até 200 gigawatts consumidos pela pegada digital de IA até 2030, valor próximo ao consumo total do país.

Especialistas traçam paralelos entre a atual fase da IA e o auge da internet na década de 1990, destacando que, apesar de possíveis perdas e falências, o avanço tecnológico persiste. Dan Ives, da Wedbush Securities, apontou que o setor ainda está distante de uma possível bolha, comparando o momento atual à fase de crescimento antes da queda da bolha da internet.

Jeff Bezos relembrou a bolha dos laboratórios de biotecnologia em 2000, que teve valor de mercado elevado antes de uma queda abrupta, mas afirmou que, no caso da IA, os benefícios deverão ser amplos e sustentáveis, afetando positivamente a produtividade e eficiência de empresas globalmente.

O desenvolvimento acelerado da IA segue acompanhado por incertezas financeiras e ambientais, mas com apoio consistente de investidores e governos, que apostam no potencial transformador da tecnologia para diversas indústrias.

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Fonte: g1.globo.com