Casos de intoxicação por metanol têm aumentado no

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Casos de intoxicação por metanol têm aumentado no Brasil devido ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, segundo autoridades. A venda de lacres, tampas, rótulos falsos e garrafas de marcas conhecidas ocorre livremente em grupos do Facebook, facilitando a falsificação e o comércio ilegal de bebidas.

As publicações nesses grupos oferecem produtos para todo o país e volumes que chegam a milhares de unidades. Perfis relacionados a adegas em vários estados participam dessa comercialização. Um vendedor do Rio de Janeiro anuncia garrafas de whisky por valores muito abaixo do mercado oficial, enquanto selos que imitam os da Receita Federal são vendidos a R$ 1,30 a unidade.

O aumento repentino de buscas por “metanol” no Google refletiu a preocupação pública após notificações de intoxicação em diversas regiões, principalmente em São Paulo. Muitas vítimas ingeriram bebidas compradas em bares, o que reforça a suspeita de adulteração. Além disso, a possibilidade de contaminação durante o envase é investigada pelas autoridades.

Os grupos funcionam como feiras virtuais, com compradores e vendedores trocando contatos via WhatsApp. Alguns desses espaços são abertos, outros exigem autorização para entrada. Embora a venda de garrafas não seja ilegal, especialistas apontam que esses objetos são usados para refil de bebidas falsificadas, parte do mercado clandestino que movimentou cerca de R$ 56,9 bilhões em 2023.

Em uma operação recente em Mogi das Cruzes, a Polícia Civil encontrou um depósito com mais de 20 mil garrafas sendo preparadas para reutilização. Representantes do setor de vidro alertam que a falta de fiscalização estimula a prática ilegal e defendem a destinação adequada das embalagens por parte dos estabelecimentos.

O controle das bebidas destiladas importadas é baseado em selos com holografia emitidos pela Casa da Moeda e fiscalizados pela Receita Federal para fins tributários. A autorização para entrada e análise da qualidade cabe ao Ministério da Agricultura. No entanto, faltam sistemas eficientes de rastreamento dessas bebidas.

O Sistema de Controle e Rastreamento de Bebidas (Sicobe), implementado em 2008, foi suspenso em 2016 devido a custos elevados. O sistema monitorava cervejas e refrigerantes, mas não destilados. Uma decisão do Tribunal de Contas da União para reativar o Sicobe está aguardando definição no Supremo Tribunal Federal.

Especialistas consideram fundamental a criação de mecanismos que permitam identificar a origem e o destino das bebidas para combater a falsificação. Selos falsificados são fabricados por gráficas ilegais, o que dificulta a fiscalização apenas por esse método.

Delegados e pesquisadores apontam que o controle estatal é insuficiente e que a diversificação das atividades do crime organizado inclui o comércio ilícito de bebidas. A participação de facções como o PCC na intoxicação por metanol ainda não foi comprovada, e investigações continuam em andamento.

Após a ingestão de metanol, os efeitos no organismo podem ser divididos em fases de 12, 24 e 48 horas. Nas primeiras 12 horas, sintomas como náusea, dor abdominal, tontura e visão turva podem surgir, muitas vezes confundidos com intoxicação alcoólica comum. Entre 12 e 24 horas, pode ocorrer agravamento, com vômitos, dor de cabeça intensa e problemas respiratórios.

Nas primeiras 48 horas, a intoxicação pode causar danos ao sistema nervoso central, levando à cegueira e comprometendo outras funções vitais. O metanol é metabolizado no fígado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias tóxicas que provocam acidose metabólica e comprometimento dos órgãos. O tratamento precoce é essencial para prevenir sequelas graves e óbitos.

A vigilância sobre o mercado paralelo de bebidas e a conscientização pública sobre os riscos do consumo de produtos adulterados são estratégias importantes para evitar novos casos de intoxicação por metanol. As autoridades recomendam sempre adquirir bebidas em estabelecimentos confiáveis e alertam para os perigos do mercado clandestino.

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Fonte: g1.globo.com

Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

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