Uma greve geral mobilizou trabalhadores em diversas cidades

Uma greve geral mobilizou trabalhadores em diversas cidades da Grécia, como Tessalônica, nesta quarta-feira (1º), para protestar contra um projeto de lei que flexibiliza a jornada de trabalho, permitindo jornadas de até 13 horas diárias. O PL, que será apresentado ao Parlamento Helênico, prevê ainda controle por aplicativo e férias flexíveis, gerando resistência dos sindicatos que consideram as mudanças prejudiciais aos direitos dos trabalhadores.
A paralisação afetou principalmente o setor de transportes, com trens, balsas, metrôs e ônibus paralisados em horários variados. Os sindicatos rejeitam a proposta do governo conservador liderado pelo primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, que busca adaptar a legislação trabalhista às atuais necessidades empresariais.
Entre as medidas propostas está a possibilidade de jornadas de trabalho estendidas a 13 horas por até 37 dias no ano, segundo a ministra do Trabalho, Niki Kerameos, que afirma que o regime de horas extras será voluntário e que a flexibilização beneficiará os próprios trabalhadores. O projeto também inclui a distribuição flexível de férias e a implementação de controle da disponibilidade dos funcionários por meio de aplicativo.
Especialistas em relações trabalhistas, porém, apontam dificuldades na efetiva recusa das horas extras pelos funcionários, dado o baixo poder de barganha da maioria. O professor Theodoros Koutroukis, da Universidade Demócrito da Trácia, prevê que a extensão da jornada diária prejudicará a satisfação no trabalho e a produtividade, afetando a qualidade dos produtos e serviços e aumentando os custos de produção.
Além disso, o aumento da carga horária pode impactar negativamente o equilíbrio entre vida profissional e pessoal e reduzir o tempo destinado à capacitação profissional dos trabalhadores.
A flexibilização trabalhista grega já avançou desde julho de 2024, permitindo que trabalhadores da indústria, comércio, agricultura e serviços atuem seis dias por semana, com o sexto dia remunerado com adicional de 40%. Agora, o governo propõe consolidar estas práticas e ampliá-las com jornadas mais longas e métodos de controle digital.
A ministra Kerameos defende que a reforma legal traz a legislação para a realidade atual do mercado, onde muitos trabalhadores já acumulam dois empregos e jornadas que podem chegar a 13 horas por dia devido aos baixos salários locais. Para ela, a lei permitirá a realização dessas horas extras para um único empregador, com remuneração adicional, sem que o trabalhador seja obrigado a fazê-lo.
Segundo dados do Eurostat, os gregos trabalham em média 1.886 horas anuais, mais do que qualquer outro país da União Europeia. Contudo, essa carga horária elevada não se traduz em alta produtividade, que permanece abaixo da média europeia, assim como o poder de compra, que está 30% inferior à média da UE.
Os sindicatos GSEE e Adedy manifestam oposição veemente à ampliação da jornada, defendendo a redução para 37,5 horas semanais, cenário adotado em vários países europeus. Para eles, a flexibilização proposta se opõe à tendência mundial e europeia de redução da jornada de trabalho em favor da qualidade de vida e da saúde do trabalhador.
A liderança sindical afirma que o atual contexto de sobrecarga, estresse e burnout entre os trabalhadores gregos torna inaceitável a aprovação da lei, ressaltando que a população não suporta mais a ampliação das jornadas. O lema dos protestos em Atenas representa a insatisfação geral com as mudanças propostas.
O debate sobre a flexibilização das leis trabalhistas na Grécia expõe a tensão entre a necessidade de adaptação do mercado à economia contemporânea e a proteção dos direitos laborais e do bem-estar dos trabalhadores. A decisão que será tomada pelo Parlamento refletirá a posição oficial do país diante deste equilíbrio.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com