A atriz virtual Tilly Norwood, criada por inteligência artificial pela empresa Xicoia, tem causado protestos em Hollywood, na Califórnia, desde seu lançamento no fim de semana passado durante o Zurich Summit. A personagem digital, desenvolvida pela produtora e comediante holandesa Eline Van der Velden, provocou críticas de sindicatos, atores e cineastas que questionam o uso de IA para substituir profissionais humanos na indústria audiovisual.
O sindicato norte-americano de artistas Screen Actors Guild (SAG-AFTRA) divulgou um comunicado afirmando que “a criatividade é, e deve permanecer, centrada no ser humano”. A associação ressaltou que Tilly Norwood “não é uma atriz, é uma personagem gerada por um programa de computador treinado com base no trabalho de inúmeros artistas profissionais — sem permissão ou remuneração”. Segundo o sindicato, o público não tem interesse em conteúdos gerados por computador sem ligação com a experiência humana.
Desde a apresentação da atriz digital, talentos e profissionais da indústria têm expressado indignação. A atriz Melissa Barrera classificou a iniciativa como inapropriada e pediu que agências de talentos envolvidas no uso da IA fossem boicotadas. Natasha Lyonne, que dirige um filme sobre o uso ético da inteligência artificial, descreveu o projeto como “profundamente equivocado e totalmente perturbador”, afirmando que não representa um caminho adequado para a profissão.
O debate sobre o uso da inteligência artificial na produção cinematográfica é antigo e foi recentemente motivo de negociações sindicais. A greve prolongada do sindicato de mídia dos Estados Unidos, encerrada em 2023, estabeleceu salvaguardas para proteger as imagens e atuações de atores contra usos indevidos da IA. Atores de videogame também conquistaram direitos para que empregadores obtenham autorização para criar réplicas digitais. Apesar dessas medidas, a adoção da IA na indústria segue sendo polêmica.
O caso de Tilly Norwood ocorre em meio a outras controvérsias recentes, como a utilização de IA para diálogos em húngaro no filme vencedor do Oscar “O Brutalista”, que gerou debates sobre os limites éticos da tecnologia na arte cinematográfica.
Em resposta às críticas, Eline Van der Velden afirmou que a personagem digital é uma “obra criativa — uma obra de arte” e não uma substituição humana. Em postagem no Instagram, ela argumentou que personagens criados por IA devem ser vistos como um gênero artístico próprio e que o processo envolveu “imaginação e habilidade, assim como desenhar um personagem, escrever um papel ou moldar uma performance”.
A conta de Tilly Norwood nas redes sociais reúne milhares de seguidores e mostra a personagem em atividades cotidianas, divulgando seus “testes de tela” e sugerindo uma futura carreira na indústria audiovisual.
O episódio ressalta o avanço e os desafios da inteligência artificial no entretenimento, evidenciando a necessidade de discussão sobre os limites éticos e profissionais do uso da tecnologia na criação artística.
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Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com