Mais de 1,2 milhão de brasileiros estão há dois anos ou mais desempregados, apesar da queda da taxa de desocupação para 5,6% no segundo trimestre de 2025, o menor nível desde 2012, segundo dados da PNAD. O fenômeno do desemprego de longo prazo persiste mesmo em um cenário econômico considerado favorável, e envolve profissionais qualificados que enfrentam dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho.
Casos como o do engenheiro de software Leandro Tenório e do relações-públicas Felipe Bomfim ilustram esse quadro. Ambos enviaram mais de mil currículos e participaram de quase 100 processos seletivos, mas permanecem fora do mercado há quase dois anos. Leandro, que atuava na área de tecnologia, agora trabalha como motorista de aplicativo para garantir renda. Felipe, com experiência em comunicação e fluência em vários idiomas, recorre a aulas particulares e trabalhos freelancer.
O desemprego de longo prazo se diferencia do desalento, situação na qual o trabalhador deixa de procurar emprego por desistência. Segundo o economista Bruno Imaizumi, o grupo com maior vulnerabilidade deste tipo de desemprego é composto por profissionais com ensino médio completo, embora pessoas com ensino superior também encontrem barreiras, principalmente quando não têm experiência prática recente ou não aceitam vagas fora da sua área.
Imaizumi destaca ainda que, quanto mais qualificados, mais seletivos os trabalhadores tendem a ser. O mercado de trabalho atual exige múltiplas competências, domínio de idiomas e experiência tecnológica, acrescenta a especialista em carreiras Taís Targa. Ela ressalta que o tempo longo longe do mercado pode gerar preconceito por parte dos recrutadores, que questionam motivos para a ausência prolongada.
Outro fator que dificulta a recolocação é a rápida evolução das tecnologias, que torna obsoletas competências e ferramentas em poucos anos. Além disso, a preferência por profissionais mais jovens impõe barreiras para profissionais mais velhos, como relatado por Leandro, que enfrenta resistência mesmo com pós-graduações e experiência consolidada.
A pressão econômica e o estigma social levam muitos profissionais a aceitar vagas abaixo da sua qualificação, o que, segundo Taís Targa, pode ser arriscado e prejudicial emocionalmente. Por outro lado, insistir em manter-se exclusivamente na área de formação pode aumentar o período de desemprego.
Para lidar com o desemprego prolongado, especialistas recomendam estratégias que vão além da busca por emprego formal. É importante manter uma rotina equilibrada, cuidar da saúde mental e valorizar trabalhos informais e freelas, que ajudam a preservar habilidades e experiência. Trocar experiências e participar de redes de networking facilita a visibilidade e combate preconceitos do mercado.
A mudança na forma de se apresentar, evitando o rótulo de “desempregado”, também pode ajudar a reduzir o estigma. Explicar de forma clara as atividades realizadas durante o período fora do mercado, como cursos, trabalhos voluntários ou projetos pessoais, pode influenciar positivamente os recrutadores.
Apesar da queda no número geral de desocupados, o desafio do desemprego de longo prazo evidencia que a retomada econômica não é igual para todos. Desigualdades regionais, idade, atualização tecnológica e exigências do mercado permanecem como obstáculos para a inclusão de parte significativa da população ativa.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com