A combinação de cortes de juros, o calendário eleitoral bras

A combinação de cortes de juros, o calendário eleitoral brasileiro e as ações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve influenciar os mercados financeiros nacionais e internacionais até o fim de 2024. Analistas apontam que essas variáveis, associadas ao cenário econômico e político, podem gerar volatilidade nos próximos meses.
No Brasil, o real valorizou quase 14% e o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, alcançou sucessivos recordes em 2024. Contudo, especialistas consultados pelo g1 destacam que as incertezas fiscais em ano eleitoral e o ambiente econômico global devem continuar impactando o mercado financeiro.
O cenário fiscal brasileiro preocupa investidores, especialmente com a aproximação do ano eleitoral de 2026. As dúvidas envolvem possíveis ajustes nos programas sociais, como o Bolsa Família, e definições do orçamento público para o próximo ano. Álvaro Frasson, estrategista do BTG Pactual, afirma que o debate sobre a pauta fiscal deve ganhar peso a partir do segundo semestre, com o mercado atento às decisões políticas que afetarão o orçamento.
No âmbito internacional, o mercado acompanha de perto as ações do governo dos Estados Unidos e decisões da Suprema Corte americana relacionadas a tarifas impostas pelo ex-presidente Trump. A corte decidiu analisar a legalidade do chamado “tarifaço”, que classificou como excessivas as taxas aplicadas por Trump a produtos importados, inclusive brasileiros. O julgamento deve ocorrer em novembro, com potencial impacto no comércio global.
Para o Brasil, a tarifa média sobre produtos exportados aos EUA caiu de 50% para cerca de 30%, devido a uma lista extensa de isenções. O economista Mário Mesquita, do Itaú Unibanco, estima que o impacto direto desse aumento tarifário sobre o PIB brasileiro seja limitado, em torno de 0,1%, e com efeito inflacionário reduzido. A economista Julia Gottlieb acrescenta que o Brasil pode redirecionar parte de suas exportações para outras regiões, o que deve minimizar prejuízos maiores.
Uma outra frente que influencia os mercados é a política monetária dos Estados Unidos. Em setembro, o Federal Reserve (Fed) cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, a primeira redução desde dezembro de 2023. Apesar disso, economistas avaliam que o ciclo de cortes poderá ser curto, dado que a economia americana mantém níveis elevados de emprego e uma relativa resiliência.
Entretanto, especialistas manifestam preocupação com intervenções políticas na independência do Fed. Trump tentou demitir Lisa Cook, diretora do banco central, o que foi temporariamente barrado pela Justiça americana. A movimentação gerou apreensão quanto à possibilidade de decisões monetárias serem influenciadas por interesses políticos, aumentando a volatilidade dos mercados.
No Brasil, o fortalecimento do real e sinais de desaceleração da inflação em 2024 podem abrir espaço para o Banco Central iniciar um ciclo de cortes na taxa de juros. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam crescimento de 0,4% no PIB do segundo trimestre, desacelerando em relação ao trimestre anterior. O ritmo mais lento é atribuído, em parte, à elevação das taxas de juros.
A desaceleração econômica deve chegar primeiro ao mercado de trabalho, que ainda apresenta desemprego baixo e massa salarial alta, sustentando o consumo. Segundo Frasson, do BTG Pactual, o Banco Central aguarda evidências claras de enfraquecimento do mercado de trabalho para adotar cortes nos juros, possivelmente no fim deste ano ou início de 2025.
Embora o contexto externo e a política fiscal brasileira apresentem desafios, os especialistas apontam que haverá oportunidades para o mercado local, desde que os ajustes econômicos e políticos avancem de forma estável. O cenário externo e interno exigirá atenção constante dos investidores até o fechamento do ciclo eleitoral e das decisões monetárias previstas.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com