Os mercados financeiros argentinos registraram alta signific

Os mercados financeiros argentinos registraram alta significativa nesta segunda-feira (2), após o governo dos Estados Unidos anunciar possível apoio econômico à Argentina, em meio a preocupações com a estabilidade do país e a aproximação das eleições de outubro. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que medidas como linhas de swap, compras diretas de moeda e aquisição de dívida pública em dólar estão entre as opções para ajudar o governo argentino.

As ações de empresas argentinas negociadas nos Estados Unidos subiram mais de 10%, enquanto os títulos internacionais em dólar avançaram cerca de 6 centavos, e o peso teve valorização de 2% frente ao dólar, após forte queda nas semanas anteriores. A recuperação ocorre em um contexto de instabilidade causada por acusações de corrupção envolvendo o presidente argentino, Javier Milei, e pela derrota de sua coalizão em uma eleição local na província de Buenos Aires.

Bessent classificou a Argentina como um “aliado sistêmico importante dos EUA na América Latina” e anunciou que os presidentes Milei e Donald Trump devem se reunir na terça-feira (3). A declaração trouxe um impulso imediato aos mercados, que vinham pressionados historicamente devido a dúvidas sobre a capacidade do governo atual em implementar reformulações econômicas eficazes.

Na mesma manhã, o governo argentino anunciou a suspensão temporária dos impostos de exportação sobre todos os grãos até o fim de outubro, em resposta à pressão sobre o setor agrícola e às preocupações eleitorais que cercam o pleito de meio de mandato marcado para o dia 26 de outubro.

O mercado vinha sofrendo desde que os títulos internacionais argentinos caíram mais de 20% no ano, e o peso argentino chegou ao limite inferior de uma banda cambial definida há meses. A queda foi agravada por denúncias acerca do círculo político de Milei, o que gerou questionamentos acerca do futuro das políticas econômicas do país.

Segundo Alejo Czerwonko, gestor de investimentos em mercados emergentes da UBS, a intervenção do secretário do Tesouro dos EUA atua como um “disjuntor” para os mercados argentinos, abrindo uma janela para que o governo Milei se reestruture antes das eleições de outubro. Um resultado político favorável no pleito poderá reduzir a ansiedade dos investidores, refletida nos recentes declínios.

Os títulos públicos argentinos denominados em dólares subiram, mas ainda apresentam rendimentos elevados, variando entre 16% e 26%, segundo análise da MarketAxess. A volatilidade permanece, e os mercados seguem atentos à disposição do governo em adotar mudanças nas políticas econômicas.

Kathryn Exum, codiretora de pesquisa soberana da Gramercy Funds Management, comentou que o apoio financeiro dos EUA, aliado às recentes medidas fiscais, pode ajudar Milei a gerenciar a atual política cambial com mais eficácia, reduzindo a queima de reservas internacionais, atualmente insustentável.

A capacidade do governo argentino em ajustar suas políticas após as eleições de outubro será determinante para a trajetória dos preços dos títulos e para a necessidade de futuros ajustes fiscais ou captação externa em 2026, destacou Exum.

O presidente da Argentina, Javier Milei, proferiu discurso durante a 55ª reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, em janeiro de 2025, buscando reforçar compromissos econômicos, mas os mercados sinalizam que ainda aguardam mais clareza e estabilidade antes de ajustar avaliações de risco.

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Fonte: g1.globo.com