Pela primeira vez na série histórica desde 1997, o abate

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Pela primeira vez na série histórica desde 1997, o abate de vacas no Brasil superou o de bois no segundo trimestre de 2025, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mudança ocorre devido ao foco da criação dos machos para exportação, enquanto a carne de fêmeas é destinada principalmente ao mercado interno.

Segundo Urbano Gomes, médico veterinário da Embrapa, a carne de vaca é o tipo mais consumido no país, embora frequentemente haja confusão entre carne de boi e de vaca. Para o consumidor comum, o sabor é praticamente indistinguível, mesmo que o boi produza uma carne considerada mais nobre por engordar mais lentamente.

No segundo trimestre de 2025, o abate de fêmeas cresceu 16,2% em comparação ao mesmo período de 2024, incluindo vacas e novilhas, que são animais com menos de dois anos de idade. O total de abates de bovinos aumentou 3,9% no mesmo intervalo, com destaque para o aumento da produção de carne a partir de animais jovens, especialmente fêmeas. Neste grupo, as novilhas representaram 33% do total de fêmeas abatidas.

Angela Lordão, gerente da pesquisa do IBGE, relaciona o aumento no abate de animais jovens ao crescimento das exportações brasileiras de carne bovina. Apesar da pressão tarifária internacional, o Brasil mantém demanda elevada, com o México ampliando as importações. De janeiro a julho de 2025, o Brasil exportou três vezes mais carne bovina para o México do que no mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

A Abiec projeta um aumento de 12% no volume total de carne bovina exportada em 2025 em relação a 2024. No entanto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma queda de 3,5% na produção nacional para 2026, devido à contenção da oferta de fêmeas para reprodução.

O ciclo de abates explica essas oscilações. Quando há expectativa de valorização do preço do bezerro, os pecuaristas retêm as fêmeas para reprodução, o que reduz a oferta de carne. Já quando o preço do bezerro está em queda, há maior abate de vacas e novilhas, elevando a oferta e pressionando para baixo os preços dos bovinos.

Diferente do que se imagina, nem todas as fêmeas vão para o abate após longa vida reprodutiva. Há produtores especializados em criar vacas especificamente para corte, que são abatidas mais jovens. Essas vacas engordam mais rápido que os bois, o que reduz o custo do produtor em pasto ou ração.

O boi, por sua vez, engorda mais lentamente, o que demanda maior investimento e resulta em valor de mercado mais alto. Por isso, o número de novilhas abatidas supera o de novilhos: no segundo trimestre de 2025, foram 1,7 milhão de novilhas contra 377 mil novilhos.

Além das novilhas, também há vacas que deixam a atividade reprodutiva e são encaminhadas para o abate mais cedo do que no passado. Avanços genéticos possibilitam a substituição por fêmeas jovens com características produtivas aprimoradas, o que incentiva esse processo.

Em resumo, a preferência pelo consumo de carne de vaca no mercado interno, o foco dos machos para exportação e os ajustes no ciclo de abate explicam a maior quantidade de fêmeas abatidas no Brasil pela primeira vez na série histórica.

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Fonte: g1.globo.com

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Fonte: g1.globo.com

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