O governo do Afeganistão, controlado pelo Talebã, proibiu o uso de livros escritos por mulheres nas universidades do país e baniu o ensino de direitos humanos e assédio sexual. A medida, divulgada no final de agosto, atende a um painel de “estudiosos e especialistas religiosos” que consideraram os materiais contrários à lei islâmica (Sharia) e às políticas do Talebã.
Cerca de 140 livros assinados por mulheres estão entre os 680 títulos retirados do currículo universitário afegão, que inclui também obras de autores iranianos. O motivo oficial é evitar a “infiltração de conteúdo iraniano” e conteúdos que estejam em desacordo com os princípios religiosos adotados pelo governo.
Além dos livros, 18 disciplinas foram proibidas nas universidades, seis delas ligadas especificamente a questões femininas, como gênero, desenvolvimento, sociologia das mulheres e o papel feminino na comunicação. Essa restrição ocorre em um contexto em que o acesso feminino à educação é cada vez mais limitado, sobretudo após a proibição do ensino para mulheres além da sexta série e o encerramento de cursos técnicos, como obstetrícia.
A decisão representa mais uma etapa nas políticas do Talebã desde a retomada do poder, há quatro anos. Recentemente, o uso da internet de fibra óptica foi proibido em ao menos dez províncias, sob a justificativa de evitar “imoralidade”. A restrição ao ensino e à circulação de materiais escritos por mulheres reforça esse quadro de controle sobre o conteúdo educacional e cultural.
Especialistas e professores expressam preocupação com o impacto dessas medidas sobre o sistema educacional do Afeganistão. A retirada de livros originalmente usados para conectar as universidades afegãs à comunidade acadêmica internacional criou uma lacuna difícil de ser preenchida. Alguns docentes relatam que são obrigados a produzir materiais didáticos próprios, sem certeza de que estes atendam aos padrões globais de ensino.
Zakia Adeli, ex-vice-ministra da Justiça no governo anterior ao Talebã e autora de livros vetados, afirmou que a censura era esperada, dado o histórico e a ideologia do movimento. Ela destacou que a supressão das vozes femininas na educação e no debate intelectual é consequência direta das políticas misóginas do Talebã.
As tensões entre Afeganistão e Irã também motivaram a exclusão de obras de autores iranianos, agravando o isolamento acadêmico do país. O corte desses materiais é justificado pelo governo como uma forma de proteger a cultura afegã segundo sua interpretação da lei islâmica.
O Ministério do Ensino Superior do Talebã não emitiu declarações adicionais sobre a decisão além da comunicação oficial aos estabelecimentos de ensino. O impacto das restrições na qualidade do ensino e no futuro acadêmico dos estudantes afegãos ainda está em avaliação por especialistas e observadores internacionais.
Em resumo, a proibição de livros escritos por mulheres e de conteúdos considerados contrários à Sharia reflete o aprofundamento das restrições educacionais sob o governo do Talebã. A medida aumenta a exclusão das mulheres da esfera acadêmica e reforça o controle ideológico sobre os currículos universitários do Afeganistão.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com