Tecnologia

O banco Itaú demitiu mais de mil funcionários

O banco Itaú demitiu mais de mil funcionários
  • Publishedsetembro 19, 2025

O banco Itaú demitiu mais de mil funcionários em regime remoto ou híbrido na semana passada, reacendendo o debate sobre monitoramento no home office. A empresa monitorou a atividade dos colaboradores por quatro meses, acompanhando o uso do mouse, teclado, chamadas de vídeo, envio de mensagens e aplicativos utilizados.

A prática de vigilância, embora comum desde o auge do trabalho remoto na pandemia, chamou atenção pelo nível de detalhamento das informações coletadas. O Itaú afirmou que não capturou telas, áudio ou vídeo, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), mas utilizou ferramentas que monitoram atividades corporativas em software licenciado.

Dois programas de monitoramento, XOne e Teramind, foram analisados pela BBC News Brasil na última semana. Esses sistemas permitem visualizar em tempo real as ações dos funcionários, como navegação em sites, uso de aplicativos e comportamentos que descumprem regras internas, como acesso a páginas proibidas ou envio de dados sensíveis.

Durante a apuração, o acesso ao software XOne para testes foi bloqueado pela empresa responsável, após a repercussão das demissões no Itaú. A companhia afirmou que o bloqueio ocorreu devido ao grande número de solicitações, mas não confirmou oficialmente que seu programa é usado pelo banco. O Itaú também não ofereceu demonstração do sistema.

Segundo o Ministério Público do Trabalho, foi aberto procedimento investigatório para obter esclarecimentos sobre as demissões e o uso das ferramentas de monitoramento.

A Teramind, fundada em 2014 e presente em mais de 125 países, oferece funções como controle remoto do computador, visualização do histórico de navegação, análise de produtividade, e identificação automática de comportamentos suspeitos. A empresa possui diversos clientes no Brasil e não fornece aconselhamento jurídico sobre privacidade.

No ambiente de demonstração da Teramind, é possível observar rankings de usuários, sites visitados e alertas para atividades como uso de abas anônimas ou acesso a sites de busca de emprego. Processos trabalhistas no Brasil mencionaram essa plataforma em disputas que envolvem controle de jornada e monitoramento de notebooks, embora a fabricante do software não seja parte nas ações.

O programa XOne possui recursos para acompanhar sessões em tempo real, listar sites acessados, medir inatividade e localizar geograficamente os dispositivos. A Arctica, desenvolvedora do XOne, afirma atender clientes em setores como finanças, telecomunicações e indústria. A empresa destaca que informa empregadores sobre a importância de transparência, mas não realiza gravação de conteúdo pessoal ou comunicações privadas.

Ex-funcionários do Itaú relataram pressão decorrente do monitoramento, indicando receio em relação ao uso do computador durante o expediente remoto até para atividades simples, como ir à cozinha. Esses relatos mostram um cenário de insegurança entre empregados que permanecem na empresa após as demissões.

Especialistas indicam que a LGPD não veda o monitoramento, desde que haja consentimento e comunicação clara ao trabalhador. O pesquisador Pedro Henrique Santos avalia que o uso da tecnologia no controle do trabalho é legítimo, mas recomenda maior transparência e avaliação sobre a real necessidade das ferramentas para não expandir a coleta excessiva de dados.

O debate sobre o equilíbrio entre controle e privacidade no trabalho remoto permanece aberto, diante do avanço de tecnologias capazes de registrar comportamentos detalhados e do impacto dessas práticas no ambiente profissional e na segurança de dados.

Palavras-chave relacionadas para SEO: monitoramento remoto, home office, Itaú, vigilância no trabalho, LGPD, programas de monitoramento, Teramind, XOne, segurança da informação, controle de jornada, privacidade no trabalho.

Fonte: g1.globo.com

Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

Written By
Caio Marcio

Leave a Reply