Cerca de 1 mil funcionários do Itaú Unibanco

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Cerca de 1 mil funcionários do Itaú Unibanco foram demitidos nesta semana após uma avaliação da produtividade no home office baseada em softwares de monitoramento instalados nos computadores corporativos. A medida, adotada como parte do modelo híbrido ou remoto, gerou debate sobre a eficácia e justiça das ferramentas usadas para medir o trabalho fora do escritório.

O banco usou programas que registram dados como tempo na frente do computador, número de cliques e aplicativos acessados, sem capturar telas, áudios ou vídeos, segundo nota oficial. O Itaú afirma que avaliou a atividade digital ao longo de quatro meses, comparando-a com a jornada formal e horas extras registradas. A média de atividade digital considerada adequada foi de 75%, mas alguns colaboradores apresentaram níveis recorrentes abaixo de 20%, mesmo com horas extras apontadas.

Especialistas ouvidos destacam que medir produtividade apenas por parâmetros quantitativos e tempo diante da tela pode ser problemático. O professor Marcelo Graglia, coordenador do Observatório do Futuro do Trabalho da PUC-SP, avalia que dados numéricos não capturam a complexidade do trabalho humano e que a análise exclusiva com base em algoritmos pode gerar decisões injustas e perda de talentos. Ele ressalta a diferença entre eficiência — fazer rápido e barato — e eficácia — alcançar bons resultados.

Thatiana Cappellano, consultora de trabalho, defende a avaliação pela entrega e qualidade do trabalho em vez do controle estrito de horas ou movimentos no computador. A professora Luciana Morilas, da USP, acrescenta que diferentes áreas exigem métricas específicas e que a gestão direta e o feedback contínuo são essenciais para ajustar desempenho antes de decisões extremas, o que nem sempre ocorre.

No contexto do trabalho remoto, Tatiana Iwai, professora do Insper, aponta que a padronização dos monitoramentos pode ser ineficaz e que práticas como o acompanhamento por entregas e check-ins regulares ajudam a acompanhar o progresso sem invasão excessiva. Ela alerta que decisões drásticas como as do Itaú podem estimular outras organizações a reduzirem o trabalho remoto ou adotarem controles mais rígidos, afetando a confiança dos colaboradores.

Dados do Insper indicam que a média semanal de dias trabalhados remotamente caiu de mais de quatro no auge da pandemia para 2,32 em março de 2025, mas o home office segue presente em 71% dos trabalhadores ao menos um dia por semana. Áreas como tecnologia mantêm níveis mais altos de trabalho remoto, enquanto setores industriais retornaram em maior parte ao presencial.

O Itaú reforça que o monitoramento adotado baseia-se em políticas internas e acordos sindicais, respeitando a legislação, incluindo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O banco destaca que os desligamentos identificaram padrões de comportamento e não casos pontuais e que as medidas buscam preservar a cultura organizacional e a relação de confiança com clientes e colaboradores. A instituição afirma que não há redução de quadro e que novas contratações seguem sendo avaliadas conforme as necessidades de cada área.

Especialistas recomendam a busca por métodos de avaliação que considerem as características específicas de cada função e a qualidade das entregas, além do tempo dedicado ao trabalho. O equilíbrio entre autonomia, responsabilidade e transparência é destacado como fundamental para a gestão do trabalho remoto no cenário pós-pandemia.

**Palavras-chave:** Itaú Unibanco, home office, produtividade, monitoramento, trabalho remoto, avaliação de desempenho, softwares de controle, pandemia, trabalho híbrido, gestão corporativa.

Fonte: g1.globo.com

Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

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