Spark EUV é a Chevrolet virando chinesa para enfrentar o
Spark EUV é a Chevrolet virando chinesa para enfrentar o BYD Dolphin
O Chevrolet Spark EUV foge completamente da tradição da GM. Conhecida pelos sedãs imponentes e picapes robustas, a marca aposta agora em um pequeno SUV 100% elétrico, com cara de chinês.
Não é coincidência: o Spark é um autêntico asiático. Conhecido por lá como “Baojun Yep Plus”, o modelo nasce da parceria da GM com as montadoras chinesas Saic e Wuling.
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Esse distanciamento do DNA americano tem um objetivo claro: disputar de igual para igual o mercado de elétricos no Brasil, um segmento amplamente dominado pelas fabricantes chinesas.
Há um longo caminho a percorrer. Até o mês passado, a Chevrolet havia vendido menos de 400 carros elétricos. A líder BYD já acumulava 34 mil unidades.
O primeiro passo foi positivo. O Spark não deixa a desejar em design e tecnologia embarcada. Quem já se impressiona com os concorrentes, não se decepciona com a aposta da GM.
O segundo passo, melhor ainda. O SUV foi colocado em pré-venda por R$ 159.990, em versão única. São apenas R$ 10 mil a mais que o BYD Dolphin, que promete ser seu principal rival.
Restava a dúvida: ao volante, o Spark teria fôlego para incomodar os concorrentes? Pois o g1 testou o novo SUV pelas ruas de Brasília (DF) e traz as primeiras impressões a seguir.
Chevrolet Spark EUV
divulgação/GM
Como fica o motorista
O Spark EUV não pretende ser um carro esportivo. Isso fica evidente no desenho de linhas retas e no motor modesto, com 101 cv de potência — menos que os 115 cv do Chevrolet Onix turbo. Ainda assim, seu desempenho em pista é melhor do que parece.
Como um bom elétrico, o Spark oferece torque instantâneo. Isso mais que compensa a cavalaria menor que o hatch. No dia a dia, transmite mais agilidade e deixa a condução mais dinâmica.
Mesmo sem o modo esportivo ativado, o SUV mostra boa resposta da tração dianteira, com desempenho que transmite mais vigor do que os 96 cv do BYD Dolphin.
A posição de condução é mais elevada que o Dolphin e que o Onix, favorecida pela ampla área envidraçada, dando também boa segurança para o motorista ver com clareza o que acontece ao redor.
A boa altura em relação ao solo, típica de SUVs de apelo aventureiro, ajudou a suspensão a enfrentar bem lombadas e valetas.
Em um impacto mais forte ao passar rápido por uma lombada, a suspensão chegou ao fim do curso, mas sem causar balanço excessivo. Diferente de alguns rivais chineses, o Spark equilibra bem firmeza e conforto.
Isso deixa claro que a GM não só traz um carro chinês com seu logo estampado na frente, mas tempera ele para o que o motorista brasileiro busca: suspensão menos macia, mas que ainda absorve alguns dos buracos das ruas brasileiras.
Embora a suspensão estivesse nitidamente temperada ao gosto do brasileiro, a direção elétrica dava a impressão de interferir excessivamente na condução. O Tracker é conhecido pela direção leve, mas o Spark vai além, sendo ainda mais leve.
Como o Spark EUV foi projetado para uso urbano, o benefício da direção leve em manobras se sobressai em relação à desvantagem percebida em rodovias.
Aproveitando o assunto viagem, a bateria do Spark possui capacidade de 42 kWh e oferece autonomia de até 258 km com uma carga completa. No quesito, o novo SUV da GM fica atrás do concorrente Dolphin, que alcança 291 km.
Apesar de contar com uma bateria maior, 44,9 kWh, o Dolphin leva 30 minutos para ir de 30% a 80% em carregadores de 50 kW. O Spark EUV precisa de 35 minutos nas mesmas condições.
Como fica o passageiro
O Spark também acusa a vocação chinesa por ter um design que “se inspira” em modelos consagrados. Aos olhos, as linhas retas lembram o Land Rover Defender 110.
O comparativo, porém, pode enganar quem nunca viu o novo SUV da GM de perto. O tamanho é muito próximo do Onix, o que dificulta que ele atenda uma família maior.
Uma das principais vantagens do Spark EUV é ter sido projetado desde o início como elétrico, o que permitiu melhor aproveitamento do espaço interno. Mesmo sendo mais curto que o Onix, o porta-malas leva 355 litros, contra 303 litros do hatch — 17% a mais.
Comprimento: 4,01 m (15 cm mais curto que o Onix)
Largura: 1,76 m (2 cm mais largo)
Altura: 1,72 m (25 cm mais alto)
Entre-eixos: 2,56 m (1 cm mais longo)
O modelo ainda traz um porta-objetos frontal, no lugar onde ficaria o motor a combustão, com 35 litros de capacidade — suficiente para uma mochila ou pequenas compras, por exemplo.
Como ponto fraco, o banco traseiro acomoda apenas duas pessoas, e não três. Para quem precisa transportar mais de quatro ocupantes, isso pode ser um inconveniente. Além disso, há boa chance para disputa caso ambos estejam com pouca bateria no celular — o carro oferece apenas uma porta USB para quem vai atrás.
O acabamento e interatividade são dois bons destaques. Seguindo a linha de outros modelos chineses, o Spark traz ao centro uma tela multimídia de 10,1 polegadas, que domina o painel.
Apesar de transmitir um ar moderno, replicando a tela de um iPad, ela não chega a maior do mercado. O BYD Dolphin, por exemplo, tem um display de 12,8 polegadas. Durante o teste, o sistema, que não é o mesmo MyLink utilizado pela Chevrolet em todos os seus carros, não demonstrou qualquer engasgo ou dificuldade para operação.
Se por um lado o sistema foi ágil, por outro ele peca por não permitir o uso de Android Auto e Apple Carplay sem fios. Existe até mesmo controle para a resposta dos freios
Outro detalhe comum de modelos chineses: o desaparecimento de diversos botões físicos, transferidos para a central. Um dos botões eliminados é o de ligar o carro, mas esse não está escondido, ele simplesmente não existe.
Chevrolet Spark EUV por dentro
Assim como nos modelos da Volvo, basta sentar no banco do motorista, colocar o cinto de segurança e engatar o “D” para que o carro ligue. Para desligar, é só sair do veículo e fechar a porta. São toques modernos que deixam o restante da linha Chevrolet para trás.
Além disso, o toque macio está presente em quase todas as áreas onde braços e mãos do motorista e dos passageiros alcançam. Há até costura aparente no acabamento, imitando couro.
O uso de materiais de qualidade em carros da faixa de preço do Spark EUV é raro. Mesmo o Chevrolet Tracker, SUV mais caro e de porte maior, apresenta acabamento muito inferior.
Vale a compra?
No fim, o Spark EUV se destaca ao mostrar que a Chevrolet conseguiu trazer um carro capaz de competir de igual para igual com o BYD Dolphin no Brasil — mesmo que só tenha conseguido competir ao trazer seu próprio chinês para o país.
Os dois têm preços bastante próximos, mas o Spark oferece mais superfícies macias ao toque, conta com uma boa lista de equipamentos e já desembarca com um pós-venda mais estruturado do que o esforço que a BYD ainda faz para ampliar sua rede no país.
Resta saber por quanto tempo a Chevrolet manterá o Spark EUV a R$ 159.990. Nessa faixa de preço, ele leva vantagem sobre o BYD Dolphin, mesmo considerando seus pontos negativos.
Spark EUV é a GM sendo chinesa
A estratégia por trás da chegada do Spark EUV nem parece a GM que conhecemos. A empresa, que comemora 100 anos no Brasil, assinou recentemente uma carta contra a estratégia da BYD de pedir isenção de impostos para carros semimontados.
Ao mesmo tempo, o novo SUV chega ao país justamente como fazem as concorrentes chinesas: importado em partes e montado no Brasil. O presidente da GM na América do Sul, Santiago Chamorro, u que o Spark EUV será montado na antiga fábrica da Troller, em Horizonte (CE).
A fábrica receberá o Spark EUV em kits parcialmente montados, importados da China (formato SKD). A Comexport, que arrendou a antiga fábrica da Troller e utiliza a unidade para montar veículos de diferentes marcas, será a responsável.
“É uma fabricação sobre todos os padrões de qualidade da Chevrolet, que são garantidos por nós. Eles não têm licenciamento de marca, ela é nossa”, diz Fabio Rua, vice-presidente da General Motors Brasil.
O executivo acrescenta que a montagem em solo nacional facilita o abastecimento de peças para reparos ou substituições e reduz o tempo de espera — um problema comum em modelos recém-lançados.
Rua não revelou o percentual de itens produzidos no Brasil, mas garantiu que esse número aumentará com o tempo. “Já existem fornecedores sendo homologados. A tendência é aumentar o índice de nacionalização ao longo do tempo. Quem desenvolve estes fornecedores é a Comexport”, diz.
A produção está prevista para começar em novembro deste ano, e a capacidade da Comexport é de até 7 mil veículos montados por ano. Se houver demanda pelo modelo, é possível ampliar.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com