Angela Ro Ro, cantora, compositora e pianista carioca

Angela Ro Ro, cantora, compositora e pianista carioca, morreu aos 75 anos nesta segunda-feira (8), no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, onde estava internada desde julho devido a uma infecção pulmonar. Conhecida pela voz rouca e suas composições marcadas pela tristeza e emoção, Ro Ro deixou um legado importante na música popular brasileira desde o final dos anos 1970.

Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves em 1949, a artista estreou na cena musical em 1979 com seu álbum homônimo, quando também se destacou por assumir publicamente sua orientação sexual em um momento pouco comum para a época. Suas composições foram interpretadas por grandes nomes da MPB, como Marina Lima e Maria Bethânia, que recentemente incluiu dois de seus clássicos em seu show de comemoração dos 60 anos de carreira.

Angela Ro Ro ganhou reconhecimento na música nacional por unir gêneros diversos, como blues, rock, samba-canção e boogie, sempre pautada pela sensibilidade poética e pela honestidade em expressar suas emoções. Dentre suas obras mais conhecidas estão “Balada da Arrasada”, “Cheirando a Amor”, “Amor, Meu Grande Amor” e “Fogueira”, canções que dialogam com seus sentimentos de amor, dor e paixão.

A vida pessoal da artista foi marcada por altos e baixos, incluindo conflitos e turbulências emocionais. Sua voz rouca e o estilo direto ajudaram a forjar uma identidade artística singular, que se destacou na época da revolução feminina na MPB. Além de seu trabalho autoral, Ro Ro gravou também canções de outros compositores, como “Bárbara” de Chico Buarque e Ruy Guerra.

Em seus últimos anos, Ro Ro adotou uma postura de vida mais saudável, mas manteve a intensidade que sempre caracterizou sua carreira e personalidade. Seu nome ficou associado à luta pela aceitação da diversidade na música brasileira, uma pioneira ao se assumir lésbica publicamente logo no início da carreira.

Além de compositora, Angela Ro Ro também foi reconhecida por sua presença cênica, frequentemente realizando shows em formato intimista de voz e piano. Sua trajetória inclui discos importantes como “Só Nos Resta Viver” (1980), “Escândalo” (1981), “Simples Carinho” (1982) e “Eu Desatino” (1985), além de registros ao vivo, que reforçam sua importância no cenário musical.

Ro Ro participou ainda de momentos históricos da música brasileira, como sua contribuição não creditada à gravação de “Nostalgia” no álbum “Transa” de Caetano Veloso, durante seu exílio na Inglaterra, onde iniciou carreira na década de 1970.

A morte de Angela Ro Ro motivou homenagens nas redes sociais de artistas e fãs, que destacam sua influência e contribuição para a MPB. Seu legado musical e a sinceridade de suas letras permanecem como marca duradoura para as próximas gerações.

Mesmo após sua partida, as composições de Angela Ro Ro continuarão a ser celebradas e interpretadas, garantindo a permanência de seu nome e obra na história da música brasileira.

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Fonte: g1.globo.com