Os advogados de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro

Os advogados de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus usaram referências literárias para fundamentar seus argumentos no segundo dia do julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (3). As citações incluíram obras de Fernando Pessoa, Gonçalves Dias e Émile Zola para sustentar a inocência e justificar atitudes dos acusados.
Andrew Fernandes Farias, advogado do general Paulo Sérgio Nogueira, recorreu ao poema “I-Juca-Pirama”, de Gonçalves Dias, para destacar a origem e o caráter do cliente. Durante a sustentação, ele recitou versos que ressaltam a força e a bravura do guerreiro nordestino: “Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte; Guerreiros, ouvi.” O poema, escrito em 1851, narra uma jornada de redenção e prova de valor do protagonista perante sua tribo.
No mesmo julgamento, Fernandes Farias citou também Fernando Pessoa, no pseudônimo Álvaro de Campos, através do “Poema em Linha Reta”. Ele usou a obra para apontar que Paulo Sérgio Nogueira teria cometido apenas um “momento de deselegância” ao criticar a Comissão de Transparência das Eleições (CTE) em uma reunião ministerial de 2022, quando disse que o órgão “é para inglês ver”. Segundo o advogado, o poema expressa a imperfeição humana e a honestidade em admitir falhas, o que se aplicaria ao general. A obra discute a hipocrisia social e a vaidade, defendendo a exposição sincera das próprias imperfeições.
Já o advogado Paulo Cunha Bueno, que representa o ex-presidente Bolsonaro, comparou o julgamento a uma “versão brasileira do caso Dreyfus”, um escândalo político e militar da França no final do século 19. O caso envolveu a condenação injusta do capitão Alfred Dreyfus por suposta traição, acusação que depois foi revertida. Embora a obra de Émile Zola, “Eu acuso!”, não tenha sido citada diretamente por Cunha Bueno, o ministro Flávio Dino lembrou o artigo do escritor francês em sua fala posterior, destacando que Zola denunciou o erro judicial e a ocultação da verdade por oficiais envolvidos.
A estratégia dos advogados de incluir referências literárias mostrou a tentativa de contextualizar e humanizar os réus no julgamento. Essa abordagem buscou criar analogias históricas e culturais para reforçar a argumentação contra a acusação de tentativa de golpe.
O julgamento no STF continua, com partes de defesa e acusação apresentando seus argumentos. A corte decidirá sobre a responsabilidade dos réus no caso que envolve a investigação de possíveis ações para subverter o processo eleitoral brasileiro.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com