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O filme “A vida de Chuck”, dirigido por Mike Flanagan

O filme “A vida de Chuck”, dirigido por Mike Flanagan
  • Publishedsetembro 4, 2025

O filme “A vida de Chuck”, dirigido por Mike Flanagan, estreia no Brasil nesta quinta-feira (4) e adapta o conto homônimo de Stephen King com uma abordagem que mistura ternura, otimismo e uma narração bastante extensa. A produção conquistou o prêmio do público no Festival de Toronto em 2024, o que pode aumentar suas chances de indicação ao Oscar.

Flanagan, conhecido por séries de terror como “A maldição da residência Hill” e “Missa da meia-noite”, desta vez opta por uma narrativa mais humana e reflexiva, focada em dança, música e questionamentos existenciais. O filme mantém a estrutura do conto original, dividido em três partes apresentadas em ordem cronológica inversa.

A primeira parte acompanha um professor interpretado por Chiwetel Ejiofor diante do iminente fim do mundo, confuso com propagandas que agradecem a um personagem chamado Chuck por 39 anos. As duas partes seguintes exploram a vida cotidiana de Chuck, com Tom Hiddleston no papel de um contador de meia-idade e três atores diferentes representando sua juventude, incluindo o filho do diretor, Cody Flanagan, e Jacob Tremblay.

Embora Hiddleston seja o rosto mais conhecido do elenco, sua atuação não recebe carga emocional suficiente, apesar de uma sequência de dança ao lado de Annalise Basso. O desempenho de Ejiofor e de Karen Gillan, que atua como uma personagem em estágio de luto, funciona como elemento afetivo mais forte, especialmente na primeira parte do filme.

O roteiro apresenta um excesso de narrações feitas pela voz de Nick Offerman, que em vez de enriquecer, torna longa e repetitiva a narrativa. Esse recurso parece uma deferência exagerada ao conto original, o que prejudica o ritmo do filme e vai contra a premissa do cinema de “mostrar em vez de contar”.

Stephen King, aos 77 anos, mantém-se um dos escritores mais adaptados para o cinema e outras mídias. Curiosamente, as melhores adaptações de sua obra costumam estar em histórias menos focadas em terror e suspense, como “Conte comigo” e “Um sonho de liberdade”, ambos baseados em contos do livro “Quatro estações”.

“A vida de Chuck” integra outro livro de quatro contos de King, publicado quase 40 anos depois de “Quatro estações”. A adaptação chega perto de se juntar às outras duas, embora o excesso de narração comprometa a experiência, deixando claro que a tradução da obra literária para o cinema poderia ter se beneficiado de uma abordagem mais livre.

Em resumo, o filme demonstra a habilidade do diretor em construir uma trama emocionalmente complexa e otimista, mas esbarra em escolhas narrativas que diminuem seu impacto e afastam o espectador da linguagem cinematográfica convencional. Apesar disso, tem potencial para alcançar reconhecimento em premiações e consolidar mais uma adaptação relevante da obra de Stephen King.

Palavras-chave: A vida de Chuck, Stephen King, Mike Flanagan, adaptação cinematográfica, Festival de Toronto 2024, Tom Hiddleston, Chiwetel Ejiofor, narrativa, narração no cinema, Oscar 2024

Fonte: g1.globo.com

Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

Written By
Vitor Souza

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