Miriam Leitão: o que explica o bloqueio de compra do banco M

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Miriam Leitão: o que explica o bloqueio de compra do banco Master?

A tentativa do Banco de Brasília (BRB) de adquirir o Banco Master se tornou uma das operações mais controversas do setor financeiro deste ano. Após quase seis meses de negociações, o processo parece ter chegado ao capítulo final, com o veto do Banco Central à compra, do ontem (3).

O acordo, que poderia aliviar a situação do Master — conhecido pelos altos riscos e estratégias ousadas — acabou provocando uma onda de investigações, pressões políticas e decisões judiciais.

Mas, ao longo dos últimos meses, a proposta enfrentou diversos entraves técnicos e institucionais, até ser definitivamente barrada pelo Banco Central.

A seguir, relembre os principais capítulos dessa disputa.

BRB compra do Master

Tudo começou no fim de março, quando o conselho do BRB aprovou a compra de 58% do capital do Master. O valor do acordo foi estimado em cerca de R$ 2 bilhões, o que correspondia a 75% do patrimônio consolidado da instituição.

A operação era vista como um “alívio” para o Master, banco comandado por Daniel Vorcaro, conhecido pelo alto custo de captação — com CDBs que rendiam até 40% acima da taxa básica do mercado (CDI) — e por investimentos arriscados em precatórios e empresas em dificuldades, como mostrou o Valor Econômico.

Em abril, ainda que o Master tenha divulgado um balanço que apontava lucro dobrado em 2024, chegando a R$ 1 bilhão, seu modelo de negócios ainda gerava dúvidas sobre a solidez dos ativos.

O passivo do banco mostrava forte concentração em CDBs de curto prazo, o que aumentava a percepção de risco.

Justiça questiona operação

A controvérsia se intensificou quando os órgãos de controle entraram em cena.

Em 1° de abril, o Ministério Público do DF (MPDFT) pediu esclarecimentos sobre as circunstâncias da compra e venda de ações e o Ministério Público de Contas do DF (MPCDF), solicitando o acesso à íntegra do processo administrativo sobre a aquisição de participação no Banco Master.

Já entre os dias 3 e 8 de abril, foi a vez do Ministério Público Federal do Distrito Federal abrir duas apurações preliminares sobre a compra, a fim de analisar se haveria indícios de crime contra o sistema financeiro e para acompanhar a atuação do Banco Central na análise da operação.

No início de maio, foi a vez do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) não autorizar a assinatura de contrato da negociação. Entre os argumentos do MP estava a falta de aprovação pela Assembleia de Acionistas e a falta de autorização legislativa.

No entanto, poucos dias depois a Justiça derrubou, em segunda instância, a proibição do BRB de assinar o contrato definitivo de compra do Banco Master.

Cade aprova compra

Em junho, o Cade deu sinal verde para o acordo entre o BRB e o Banco Master, sem impor qualquer tipo de restrição à operação. Apesar da liberação, a concretização da compra ainda precisava do aval do Banco Central.

Segundo o parecer assinado pelo superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto, a operação não apresentava riscos relevantes para a concorrência no setor.

A análise indicava que, nos segmentos em que BRB e Master atuam de forma semelhante, a participação combinada das duas instituições era inferior a 20% — limite considerado para presumir domínio de mercado.

Já nos setores em que há integração vertical, cada banco detinha menos de 30%, percentual abaixo do que se considera preocupante para possíveis barreiras à concorrência.

*Matéria em atualização

Agências do Banco de Brasília (BRB), no Distrito Federal

Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Fonte: g1.globo.com

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Fonte: g1.globo.com

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