Mais de 1,2 milhão de imigrantes deixaram a força de

Mais de 1,2 milhão de imigrantes deixaram a força de trabalho dos Estados Unidos entre janeiro e julho de 2025, revela análise preliminar do Censo realizada pelo Pew Research Center. A redução ocorre em meio a políticas de fiscalização intensificada e queda na imigração irregular, afetando setores como agricultura, construção civil e saúde.
Os imigrantes representam cerca de 20% da força de trabalho do país, sendo 45% nos setores de agricultura, pesca e silvicultura, 30% na construção civil e 24% no setor de serviços, segundo Stephanie Kramer, pesquisadora do Pew. Essa participação significativa evidencia a importância desse grupo para a economia americana.
A diminuição da população imigrante no mercado de trabalho acompanha a primeira queda na população imigrante geral desde que o número de pessoas em situação irregular alcançou o recorde de 14 milhões em 2023. Kramer destaca que não está claro se a redução reflete saídas voluntárias, medo de deportações ou problemas técnicos na contagem.
O presidente Donald Trump promoveu campanhas focadas na deportação de imigrantes em situação irregular, com esforços voltados principalmente para “criminosos perigosos”. Apesar disso, a maioria dos detidos pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) não possui antecedentes criminais. Desde 2021, houve também redução nas entradas ilegais pela fronteira, impactando diretamente o fluxo de trabalhadores.
Pia Orrenius, economista do Federal Reserve de Dallas, afirmou que os imigrantes tradicionalmente respondem por pelo menos metade do crescimento do emprego nos Estados Unidos. Ela ressaltou que a interrupção do fluxo migratório na fronteira teve um “enorme impacto” na capacidade do país de gerar novos empregos.
No Texas, na cidade de McAllen, próxima à fronteira com o México, produtores agrícolas relatam dificuldades para encontrar trabalhadores para a colheita de milho e algodão. Elizabeth Rodriguez, diretora do National Farmworker Ministry, afirmou que fiscalizações do ICE em fazendas e canteiros de obras provocaram atrasos na colheita de melancia e melão na primavera.
Na Califórnia, no condado de Ventura, empresários do setor agrícola notam equipes reduzidas e receio entre os trabalhadores diante das ações do ICE. Lisa Tate, gestora de propriedades frutíferas, destacou que muitos trabalhadores temem ser presos, o que tem prejudicado a rotina dos agricultores.
Trabalhadores rurais entrevistados expressam preocupações sobre o futuro, especialmente o temor de deportação e a dificuldade de recomeçar a vida em outro país. Alguns mencionam ter filhos nascidos nos EUA e receio de não conseguir sustentá-los em caso de retorno ao México.
O impacto da redução da força de trabalho imigrante também é sentido na construção civil, onde muitos canteiros em áreas como McAllen estão paralisados. Ken Simonson, economista-chefe da Associated General Contractors of America, apontou queda expressiva no emprego na construção em várias regiões metropolitanas, com os maiores cortes na Califórnia.
Além da agricultura e construção, o setor de saúde enfrenta desafios. Imigrantes respondem por cerca de 43% dos cuidadores domiciliares nos EUA, conforme dados da pesquisadora Kramer. Arnulfo De La Cruz, presidente do sindicato Service Employees International Union (SEIU) na Califórnia, destacou que a ausência desses trabalhadores pode afetar o atendimento em hospitais e lares para idosos.
A análise preliminar do Pew Research Center indica que as mudanças na força de trabalho imigrante podem ter efeitos duradouros na economia e em serviços fundamentais. O cenário permanece incerto quanto à reversão dessa tendência, enquanto o país segue lidando com políticas migratórias rigorosas e suas consequências sociais e econômicas.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com