Há pouco mais de uma semana, mensagens em grupos de

Há pouco mais de uma semana, mensagens em grupos de WhatsApp e redes sociais orientaram brasileiros a retirar dinheiro do Banco do Brasil (BB) devido a supostos riscos ligados a sanções dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A Advocacia-Geral da União (AGU) acionou a Polícia Federal (PF) para investigar o caso, alegando intento de gerar caos no sistema financeiro nacional.
Desde o dia 14 de agosto, houve aumento significativo de mensagens alarmistas sobre a situação do Banco do Brasil. Segundo levantamento da empresa Palver, essa onda teve pico no dia 21, quando o banco divulgou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre, valor 60% menor que o do ano anterior. O desempenho financeiro abaixo do esperado, associado a notícias sobre sanções internacionais a Moraes, alimentou rumores que se espalharam em mais de 100 mil grupos públicos no WhatsApp.
As sanções fazem parte da Lei Magnitsky dos Estados Unidos, que visa penalizar estrangeiros acusados de violações de direitos humanos. Moraes foi punido sob a alegação de usar sua autoridade para restringir a liberdade de expressão, principalmente por suspender contas e redes sociais que descumpriram decisões judiciais no Brasil. Como o pagamento do salário dos ministros do STF é feito via Banco do Brasil, surgiram especulações de que sanções afetariam o banco, com cancelamento de cartões internacionais ligados ao ministro.
Em resposta, o Banco do Brasil publicou nota em 19 de agosto afirmando atuar em conformidade com legislações nacionais e internacionais. A frase “O Banco do Brasil atua em plena conformidade à legislação brasileira” foi usada nas redes sociais para alimentar teorias sobre risco ao banco. Um dia antes, o ministro Flávio Dino proibiu a aplicação no Brasil de leis estrangeiras não validadas por acordos internacionais, o que foi interpretado como proteção à instituição financeira contra as consequências das sanções.
O banco também enfrentou críticas após anunciar o adiamento do pagamento de dividendos referentes ao terceiro trimestre de 2025 para dezembro do ano seguinte. Especialistas associam essa decisão a uma medida de precaução diante do cenário econômico e aumento da inadimplência, especialmente no setor do agronegócio, maior cliente do BB. Esses fatores contribuíram para o clima de desconfiança nas redes sociais.
A AGU identificou perfis, incluindo o do advogado Jeffrey Chiquini e dos deputados federais Gustavo Gayer e Eduardo Bolsonaro, como propagadores das mensagens que incentivavam saques no banco. A notícia-crime enviada à PF argumenta que há coordenação para instigar desordem financeira e desgastar a imagem do STF. Chiquini afirmou que seu conselho se referia a realocação de investimentos por insegurança jurídica, negando intenção de causar pânico.
Após a divulgação da notícia-crime, as menções ao Banco do Brasil começaram a diminuir a partir do dia 22 de agosto. O banco reforçou sua posição contra a disseminação de informações falsas, anunciando ações legais para proteger sua imagem e clientes. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou a atuação de grupos bolsonaristas em ataques contra o banco nas redes sociais.
A mobilização atingiu também os trabalhadores bancários. Em 27 de agosto, funcionários organizaram protesto em frente à sede do banco em São Paulo, defendendo a soberania nacional e o respeito às leis brasileiras em oposição a pressões externas. O episódio foi diferente de outras crises do sistema financeiro, como a polêmica sobre o Pix em janeiro, quando o governo recuou diante de desinformação que gerou insegurança entre usuários.
O caso demonstra a influência de narrativas políticas e econômicas que se espalham rapidamente em plataformas digitais, impactando instituições financeiras e o debate público no país. A investigação da Polícia Federal deve esclarecer o alcance e a articulação dessas ações.
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Fonte: g1.globo.com
Fonte: g1.globo.com