O filme brasileiro “O Último Azul”, dirigido por
O filme brasileiro “O Último Azul”, dirigido por Gabriel Mascaro, estreia nesta quinta-feira (28) nos cinemas e retrata uma distopia ambientada na região amazônica, onde idosos são exilados para colônias habitacionais. A produção venceu o Urso de Prata no Festival de Berlim e já é cotada para concorrer ao Oscar 2026.
A trama acompanha Tereza, interpretada por Denise Weinberg, uma mulher de 77 anos que trabalha como faxineira em uma indústria frigorífica de jacarés. Ao ser convocada para a colônia destinada a idosos com mais de 80 anos, a personagem passa por uma mudança legislativa que reduz essa idade para 75, colocando-a sob ameaça de exílio. Diante desse cenário, Tereza decide realizar seu sonho de voar de avião.
O filme usa a figura do caracol baba-azul, que expele uma gosma azulada capaz de revelar o futuro ou emoções reprimidas, para fundamentar diálogos sobre livre-arbítrio, vitalidade e poder. A narrativa provoca reflexões sobre o envelhecimento e o papel social dos idosos, abordando o etarismo e as contradições do sistema capitalista.
A fotografia assinada por Guillermo Garza destaca as paisagens da Amazônia, mesclando beleza e momentos inesperados, como uma luta entre pequenos peixes que ganha tom poético. O cenário também inclui referências visuais críticas ao governo autoritário, como cartazes oficiais e pichações contra o tratamento dispensado aos idosos.
Além de Tereza, a história apresenta outros personagens importantes, como Cadu (Rodrigo Santoro), barqueiro que esconde sensibilidade sob fachada machista; Ludemir (Adalino), dono de uma pequena aeronave ilegal; e Roberta (Miriam Socarrás), uma vendedora de Bíblias digitais que duvida da fé tradicional. A interação entre Tereza e Roberta destaca-se por desafiar estereótipos relacionados à idade e gênero.
As atuações das protagonistas Denise Weinberg e Miriam Socarrás receberam elogios pela profundidade das personagens, enquanto Rodrigo Santoro mantém presença constante na produção. O roteiro de Mascaro e Tibério Azul conduz a narrativa de forma envolvente, equilibrando momentos de humor e crítica social.
“O Último Azul” amplia o diálogo sobre envelhecimento, liberdade e autonomia em uma sociedade que marginaliza os idosos. O filme não se limita a incomodar, mas também apresenta cenas de forte carga poética que enriquecem a experiência do espectador.
A produção reforça a carreira de Gabriel Mascaro, que já explorou temas sociais em obras anteriores, e expõe questões atuais a partir de uma perspectiva ficcional que permite questionar o presente e imaginar possíveis futuros.
Palavras-chave:
O Último Azul, Gabriel Mascaro, Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Urso de Prata, Festival de Berlim, filme brasileiro, distopia, envelhecimento, etarismo, Amazônia, cinema nacional, Oscar 2026
Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com