O cantor e ator Seu Jorge lançou nesta quarta-feira (27)

O cantor e ator Seu Jorge lançou nesta quarta-feira (27) seu primeiro álbum de músicas inéditas em dez anos e falou sobre a importância de preservar a poesia na música popular brasileira, durante entrevista ao g1 Ouviu, podcast e videocast de música do g1. Ele destacou a necessidade de ampliar a diversidade cultural sem rebaixar o conteúdo das letras.

Com mais de 30 anos de carreira, Seu Jorge está em turnê com o espetáculo “Baile à la Baiana”, que mistura diversos ritmos, especialmente o afropop. Ele explicou que projetos no cinema interromperam sua produção musical, mas contribuíram para seu entendimento sobre a transição do formato analógico para a revolução digital.

O álbum recém-lançado surgiu após um trabalho iniciado há alguns anos e reflete a intenção de contar uma história contínua, com começo, meio e fim. Suas músicas foram feitas em parceria com amigos e influências que reúnem elementos da cultura baiana e carioca.

Durante a entrevista, ele comentou o sucesso da música “MTG Quem Não Quer Sou Eu”, criada pelo DJ Topo a partir de uma canção sua, que está entre as mais ouvidas em plataformas de streaming no Brasil em 2024. Seu Jorge revelou que não conhecia o DJ antes da montagem e reconheceu a inovação na forma como o artista reinterpretou a obra, baseando-se em modelos do hip hop que existem há mais de 50 anos.

O cantor demonstrou preocupação com o conteúdo das letras no novo formato do DJ Topo e orientou o artista a manter um nível de qualidade na poesia da música popular brasileira. Ele afirmou que é preciso expandir a cultura para além dos temas considerados “proibidão” e evitar que ela se restrinja a um único imaginário.

Além de elogiar o trabalho do DJ Topo, Seu Jorge citou músicos da nova geração que admira, como Agnes Nunes, Zé Ibarra, Jota.pê e João Gomes. Para ele, esses artistas mantêm a busca pela riqueza da expressão musical brasileira.

Seu Jorge também mencionou suas pesquisas sobre sons de outros países, incluindo Irã, Burkina Faso e Romênia, destacando o uso de aplicativos de áudio para explorar diferentes culturas musicais.

O artista emocionou-se ao lembrar da cantora Elza Soares, que faleceu em 2022 e gravou uma versão de “A Carne”, composição de Seu Jorge, inicialmente registrada pela banda Farofa Carioca. Ele destacou a relação de respeito e troca de experiências que teve com Elza, ressaltando sua personalidade culta e generosa.

No bate-papo, ele recordou sua participação no filme “A Vida Marinha com Steve Zissou”, dirigido por Wes Anderson, onde atuou como Pelé dos Santos e gravou versões de músicas de David Bowie. Seu Jorge comentou que seu personagem não era cantor, mas especialista em segurança de barco, e que poderia ter tocado melhor.

O elenco do filme contou com nomes como Bill Murray, Owen Wilson, Cate Blanchett, Anjelica Huston, Willem Dafoe e Jeff Goldblum.

Ao final da entrevista, Seu Jorge adiantou planos de dedicar mais tempo ao teatro no futuro próximo, buscando desacelerar o ritmo de sua carreira e contribuir para o desenvolvimento do teatro brasileiro.

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Fonte: g1.globo.com