Tribunal de Paris investiga plataforma Kick após morte em transmissão ao vivo

Um tribunal de Paris abriu nesta terça-feira (26) uma investigação preliminar contra a plataforma australiana Kick após a morte do influenciador francês Raphaël Graven, de 46 anos, durante uma transmissão ao vivo no aplicativo, ocorrida na semana passada. A apuração visa verificar se a empresa ofereceu serviços ilegais e se cumpriu a legislação europeia sobre serviços digitais.
A Justiça francesa pretende analisar se a Kick permitiu a transmissão de vídeos ofensivos contra a integridade pessoal e se notificou adequadamente os riscos à vida ou à segurança dos usuários. Na semana passada, o Ministério Público de Nice já havia iniciado um inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Graven.
O vídeo que mostra os momentos finais do influenciador foi transmitido ao vivo na plataforma e amplamente compartilhado nas redes sociais. Usuários relataram que as imagens exibem Graven inconsciente sob um edredom em uma cama, seguidas pela presença de outros dois homens no local. Em determinado momento, um deles arremessa uma pequena garrafa plástica em direção ao influenciador.
Em resposta, a Kick anunciou que baniu os criadores envolvidos na transmissão. A empresa também informou estar revisando com urgência as circunstâncias do ocorrido e expressou condolências à família, amigos e comunidade de Graven. A plataforma, porém, recusou-se a comentar publicamente o caso por questões de privacidade.
Criada em dezembro de 2022, a Kick é uma rede social focada em transmissões ao vivo de jogos eletrônicos, com mais de 50 milhões de usuários. Ela se diferencia por cobrar apenas 5% dos ganhos dos influenciadores com assinaturas, percentual significativamente menor que os 50% praticados pela concorrente Twitch, que tem mais de 105 milhões de usuários.
A plataforma já chamou atenção por ter regras de moderação consideradas flexíveis, permitindo, segundo reportagens, transmissões que violaram direitos autorais, exibiram conteúdo adulto e promoveram debates com figuras controversas. A empresa declarou estar ampliando seus esforços de moderação e não tolerar discurso de ódio.
Além de sediar a transmissão da morte de Graven, a Kick ganhou destaque recentemente com a estreia de MrBeast, influenciador mundial que realizou uma live arrecadando US$ 12 milhões para um projeto de abastecimento de água potável.
A Kick foi fundada pelos empresários australianos Edward Craven e Bijan Tehrani, que também possuem o cassino online Stake. Ambos têm patrimônio avaliado em aproximadamente US$ 2,8 bilhões. Eles entraram no mercado de jogos virtuais e criptomoedas em 2013, aproveitando a valorização do bitcoin.
Apesar do crescimento da plataforma, a Kick não obteve lucro desde sua criação, registrando um prejuízo estimado em US$ 100 milhões. Segundo especialistas, as políticas de moderação consideradas insuficientes dificultam a captação de novos usuários e anunciantes.
O caso de Raphaël Graven e a investigação em curso colocam a Kick sob fiscalização rigorosa das autoridades francesas, podendo resultar em medidas legais conforme os resultados obtidos. As apurações ainda estão em andamento e não há previsão de conclusão.
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Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com