Brasileiros gastam US$ 2,34 bi no exterior em julho

Os gastos de brasileiros no exterior atingiram US$ 2,34 bilhões em julho, informou o Banco Central nesta terça-feira (26), o maior valor desde setembro de 2014. O aumento ocorre apesar da elevação do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre câmbio, que encareceu a compra de moeda estrangeira.

O Banco Central apontou que o montante registrado é o maior para um mês de julho desde 2014, quando as despesas somaram US$ 2,41 bilhões. No acumulado dos primeiros sete meses de 2023, as despesas de brasileiros no exterior totalizaram US$ 12,5 bilhões, valor também recorde para o período desde 2014.

O aumento dos gastos ocorre mesmo após o governo elevar a alíquota do IOF, que passou de 1,1% para 3,5% na compra de moeda estrangeira em espécie e nas remessas para contas no exterior. A taxa para transações no cartão de crédito subiu para 3,5%. A medida foi aplicada entre meados de maio e 27 de junho, suspensa pelo Congresso, e retomada em 16 de julho após decisão do Supremo Tribunal Federal.

Apesar do aumento do imposto, a queda na cotação do dólar contribuiu para aliviar o custo das operações. Na segunda-feira (24), a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,48, uma queda de 11,3% no acumulado do ano. Analistas destacam que o nível de atividade econômica também influencia o volume de gastos no exterior.

A economia brasileira apresenta crescimento neste ano, embora em ritmo mais lento, mesmo com a taxa básica de juros elevada a 15% ao ano. Segundo dados do Banco Central, o déficit das contas externas brasileiras avançou 76,5% nos primeiros sete meses, chegando a US$ 40,1 bilhões.

O déficit em transações correntes, principal indicador do setor externo, considera a balança comercial, serviços adquiridos por brasileiros no exterior e remessas de rendas para o exterior. Em julho, as contas externas apresentaram saldo negativo de US$ 7,1 bilhões, contra déficit de US$ 5,2 bilhões em igual período no ano anterior.

O crescimento do déficit está ligado ao aumento da demanda por produtos e serviços importados, conforme explicado pelo Banco Central. A balança comercial teve superávit de US$ 32,3 bilhões até julho, abaixo dos US$ 44,3 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.

Em 2022, o déficit em conta corrente foi de aproximadamente US$ 57,89 bilhões, segundo revisão oficial. Para 2023, o Banco Central estimou um déficit da ordem de US$ 58 bilhões.

Esses números indicam que, apesar da elevação do IOF e do aumento dos juros, o ritmo de gastos dos brasileiros no exterior permanece elevado, impactando as contas externas do país.

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Fonte: g1.globo.com