Evergrande é retirada do mercado: impactos na China e no mundo

A gigante imobiliária chinesa Evergrande foi oficialmente retirada do mercado de ações de Hong Kong nesta segunda-feira (25), marcando um novo capítulo no processo de falência da empresa. A decisão judicial de liquidação ocorre após anos de problemas financeiros que impactam o setor imobiliário e a economia da China, com possíveis repercussões globais.
Fundada por Hui Ka Yan, a Evergrande chegou a ser a maior incorporadora da China e uma das mais valiosas do mundo, com avaliação de mercado superior a US$ 50 bilhões. Desde 2020, a empresa enfrentou severas dificuldades financeiras, agravadas por medidas do governo chinês para limitar o endividamento das incorporadoras. Em agosto de 2023, a Evergrande entrou com pedido de falência em Nova York para proteger seus ativos, mas não apresentou um plano viável para pagamento das dívidas, estimadas em US$ 45 bilhões.
A Justiça de Hong Kong decretou a falência da empresa em janeiro de 2024, suspendendo a negociação das ações e, consequentemente, sua exclusão definitiva da bolsa. especialistas consideram a retirada como símbolo do colapso da construtora, que chegou a ter 1,3 mil projetos em 280 cidades chinesas.
A crise da Evergrande afeta fortemente a economia chinesa, uma vez que o setor imobiliário responde por cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Além disso, o mercado imobiliário atua como importante fonte de renda para governos locais e é alvo de investimentos por parte de milhões de famílias chinesas. A perda de valor dos imóveis, estimada em pelo menos 30%, compromete o poder de compra e as reservas financeiras de grande parte da população, reduzindo o consumo e o investimento.
O governo da China adotou diversas medidas para conter os efeitos da crise, incluindo incentivos para a compra de imóveis e de veículos elétricos, além de estímulos para o mercado de ações. Mesmo assim, o crescimento econômico do país desacelerou para cerca de 5% ao ano, bem abaixo dos índices observados na última década.
Outras incorporadoras chinesas também enfrentam dificuldades financeiras semelhantes às da Evergrande. A China South City Holdings teve ordem de liquidação emitida pelo Tribunal Superior de Hong Kong recentemente e a Country Garden negocia a reestruturação de US$ 14 bilhões em dívidas externas, com audiência marcada para 2026.
Analistas indicam que o setor imobiliário chinês continua em crise e alertam para a possibilidade de novas falências. Embora as medidas governamentais estejam ajudando a estabilizar o mercado, a recuperação deve ser lenta e gradual.
O governo chinês, por sua vez, mantém a posição de não resgatar diretamente as empresas do setor, buscando evitar estímulos a comportamentos de risco. A prioridade do governo tem se orientado para o desenvolvimento de indústrias ligadas à alta tecnologia, como energia renovável, robótica e veículos elétricos.
A falência da Evergrande simboliza a transição da China para uma nova fase econômica, marcada pela redução da dependência do setor imobiliário como motor principal de crescimento. O impacto desse processo deve ser sentido tanto no país quanto na economia mundial, uma vez que a China desempenha papel fundamental no comércio e na cadeia produtiva global.
Próximos passos no caso Evergrande incluem audiências judiciais previstas para setembro, quando será definido o futuro dos credores e das negociações financeiras relacionadas à liquidação do grupo. O ritmo e a extensão do efeito dominó econômico dependem do desfecho desses processos e da resposta do mercado e do governo chinês à crise.
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Fonte: g1.globo.com
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