Tarifaço de Trump reduzirá déficit dos EUA em US$ 4 trilhões

O tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump deve reduzir o déficit total dos Estados Unidos em US$ 4 trilhões até 2035, segundo análise divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Congressional Budget Office (CBO), órgão independente do Congresso dos EUA. A medida, porém, pode frear os investimentos, diminuir a produtividade e enfraquecer o poder de compra de famílias e empresas no país.
De acordo com o relatório do CBO, a arrecadação extra decorrente das tarifas reduzirá o déficit primário — saldo entre receitas e despesas do governo — em US$ 3,3 trilhões até 2035. Com a menor necessidade de empréstimos federais, os gastos com juros da dívida também devem cair em US$ 700 bilhões no mesmo período, totalizando um impacto de US$ 4 trilhões.
O órgão destaca que a estimativa atual é superior à projeção anterior, feita no início de junho, quando se esperava uma redução de US$ 2,5 trilhões no déficit primário e corte de US$ 500 bilhões nos gastos com juros. Essa alteração ocorre devido a recentes mudanças nas tarifas aplicadas pelo governo.
No entanto, o relatório ressalta que o aumento das tarifas tem efeitos negativos sobre investimentos e produtividade. Bens de consumo e produtos usados na produção empresarial se tornam mais caros, reduzindo o poder de compra dentro dos Estados Unidos.
O documento revela que a tarifa efetiva sobre produtos estrangeiros importados aos EUA está 18 pontos percentuais acima das taxas praticadas em 2024. Embora não mencione diretamente o Brasil, o relatório cita que os produtos brasileiros passaram a enfrentar uma taxa de 50%, com exceções específicas.
Entre os países e produtos com tarifas elevadas, o CBO destaca: China e Hong Kong com 30%; itens específicos do México em 25%; produtos selecionados do Canadá com 35%; e itens da União Europeia com 15%. Automóveis e peças têm tarifas de até 25%, enquanto aço, alumínio e cobre são taxados em 50%.
Além disso, o órgão indica que a maior parte das importações provenientes de outros países está sujeita a tarifas mínimas de 10%, com aumentos maiores a partir de 7 de agosto de 2024.
O relatório também apresenta dados sobre a arrecadação até o momento. De janeiro a julho deste ano, o Tesouro dos EUA arrecadou US$ 136 bilhões em direitos aduaneiros, sendo US$ 28 bilhões somente em julho. Esse valor supera a projeção inicial para o ano fiscal de 2025, que previa US$ 80 bilhões.
O CBO prevê que a arrecadação continuará aumentando nos próximos meses e que, se as tarifas permanecerem inalteradas, a receita total de direitos aduaneiros deve alcançar cerca de US$ 200 bilhões em 2024. No entanto, o órgão alerta que essa estimativa está sujeita a incertezas, relacionadas ao intervalo entre a implementação das tarifas e a entrada das receitas no Tesouro.
As projeções do CBO consideram dados do Censo dos EUA, da Alfândega e Proteção de Fronteiras (Customs and Border Protection) e do Tesouro. As análises incluem mudanças nas tarifas feitas até 19 de agosto de 2024.
No contexto do comércio internacional, exportadoras brasileiras que enfrentam as tarifas tentam negociar o custo adicional com clientes americanos, impactando a dinâmica comercial entre os dois países. O tarifaço refletido no relatório ocorre em um cenário de tensões comerciais e ajustes tarifários promovidos pelo governo americano nos últimos anos.
Em resumo, embora o tarifaço contribua para a redução significativa do déficit público dos EUA, ele impõe custos adicionais sobre a economia interna, afetando investimentos e a capacidade produtiva, com impacto direto no poder de compra de consumidores e empresas.
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Palavras-chave: déficit dos EUA, tarifaço Trump, Congressional Budget Office, tarifas de importação, comércio internacional, investimentos, produtividade, arrecadação aduaneira, comércio Brasil-EUA, política tarifária.
Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com