Na última quarta-feira (20), a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei para combater a “adultização” de crianças nas redes sociais. A iniciativa surgiu após a repercussão de um vídeo do youtuber Felca, que denunciou a exploração digital de crianças e adolescentes.
A psicóloga Nay Macedo, especialista em proteção infantojuvenil na era digital, explicou em entrevista ao podcast O Assunto, na segunda-feira (18), que a publicação de imagens de menores nas redes apresenta riscos que muitas pessoas desconhecem. Segundo ela, apesar das intenções positivas de familiares e amigos ao compartilharem essas fotos, os algoritmos não diferenciam afeto de exploração.
“O algoritmo só vê o engajamento. Então ele distribui mais para quem interage mais, inclusive para predadores e violadores”, afirmou Nay Macedo. Isso significa que imagens de crianças têm maior probabilidade de viralizar, atingindo um público amplo e, potencialmente, pessoas com intenções criminosas.
A especialista destacou que muitas imagens usadas em crimes digitais contra menores são “conteúdo autogerado”, ou seja, fotos e dados publicados pelos próprios responsáveis ou familiares em perfis abertos. Esses conteúdos podem ser acessados por qualquer pessoa, incluindo criminosos que atuam na exploração sexual infantil, roubos de dados e fraudes.
Para enfrentar esse problema, Nay Macedo ressaltou a importância da conscientização sobre os riscos da exposição online, mesmo em perfis com restrições. Ela recomendou que as pessoas evitem postar fotos que revelem informações sensíveis, como o uniforme escolar das crianças, localizações ou rotinas que possam facilitar a identificação e o rastreamento.
Além disso, aconselhou que perfis sejam mantidos privados e aceitem somente contatos conhecidos, lembrando que muitos agressões são cometidos por pessoas próximas às vítimas. Nay também enfatizou a necessidade de respeitar a vontade da criança sobre a própria imagem, conforme ela cresce, e sugeriu o uso de alternativas mais seguras para compartilhamento, como álbuns digitais fechados, mensagens diretas e chamadas de vídeo.
O projeto aprovado pela Câmara visa restringir a chamada “adultização” de crianças, termo usado para definir a exposição precoce e inadequada de menores em conteúdos digitais que podem comprometer sua integridade.
O debate sobre esse tema ganhou força após o vídeo de Felca, que evidenciou os perigos da exploração digital e a necessidade de medidas legais para proteger crianças e adolescentes nas redes sociais.
O podcast O Assunto, produzido pelo g1, abordou o assunto em detalhes, trazendo orientações e análises para pais, responsáveis e sociedade em geral. Está disponível em todas as plataformas de áudio e no YouTube.
A aprovação do projeto representa um passo na tentativa de garantir a segurança e a privacidade das crianças no ambiente digital, reconhecendo a complexidade e os desafios que envolvem a exposição de menores nas redes sociais.
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Fonte: g1.globo.com
Fonte: g1.globo.com
