Governo define alimentos comprados após tarifas dos EUA

**Governo define alimentos que serão comprados após tarifaço dificultar exportação para os EUA** — leia na fonte original

O governo brasileiro definiu uma lista de alimentos que serão comprados pelo Estado após o aumento das tarifas de exportação impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. A medida é uma resposta ao chamado “tarifaço” do presidente americano Donald Trump, que introduziu sobretaxas de 50% sobre diversos produtos brasileiros, afetando diretamente o setor agrícola nacional.

A decisão foi anunciada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário em conjunto com o Ministério da Agricultura, que ficou responsável pela seleção dos alimentos contemplados na medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 13 de agosto. A iniciativa visa minimizar os impactos econômicos e sociais causados pela barreira comercial americana, especialmente para os produtores que tinham no mercado dos EUA seu principal destino de exportação.

### Impacto do tarifaço e resposta do governo

No último dia 6 de agosto, entrou em vigor a sobretaxa americana que atingiu especialmente os alimentos brasileiros. Embora a legislação norte-americana tenha aberto espaço para diversas exceções, uma vasta gama de produtos agrícolas acabou prejudicada, resultando em queda das exportações e perdas financeiras para empresas e agricultores.

Além de comprar os alimentos para uso em programas sociais, o governo brasileiro incluiu outras medidas financeiras no pacote de apoio. Entre elas, estão R$ 30 bilhões em linhas de crédito específicas para empresas exportadoras afetadas e o adiamento no pagamento de impostos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também anunciou a liberação de R$ 10 bilhões em recursos para auxiliar essas empresas durante o período de adaptação às novas condições comerciais.

As medidas brasileiras foram levadas à Organização Mundial do Comércio (OMC), onde os EUA defenderam a imposição das sobretaxas sob a justificativa de temas ligados à “Segurança Nacional”.

### Lista dos alimentos contemplados

O governo estabeleceu critérios para que as empresas possam participar do programa de compras governamentais. Entre os documentos exigidos estão a declaração comprobatória de perdas nas exportações para os EUA e o comprovante de, ao menos, uma exportação realizada desde janeiro de 2023.

Os alimentos adquiridos pelo governo serão utilizados em diversos programas sociais e institucionais, como a merenda escolar, o abastecimento das Forças Armadas, hospitais públicos e o Programa de Aquisição de Alimentos, que atende populações em situação de insegurança alimentar.

A lista inicial de produtos, que ainda pode ser ampliada conforme a necessidade, inclui:

– Açaí
– Água de coco
– Castanha de caju
– Castanha-do-pará
– Manga
– Mel
– Uva
– Pescados (como corvina, pargo e tilápia, além de peixes congelados)

O setor de pescados, agravado pelas tarifas, tem enfrentado desafios consideráveis, principalmente no interior de São Paulo, onde a produção de tilápia, por exemplo, é significativa.

### Perspectivas e desafios

A estratégia do governo brasileiro reflete uma tentativa de proteger a agricultura nacional frente a barreiras comerciais internacionais que impactam diretamente a economia do setor e, por consequência, a segurança alimentar da população. Ao destinar os produtos adquiridos para programas sociais, o governo busca não apenas apoiar os agricultores, mas também garantir que os alimentos cheguem a quem mais precisa.

Ainda assim, o cenário permanece desafiador, já que a tarifa americana continua afetando as exportações e exigindo do governo medidas complementares para evitar maiores prejuízos ao agronegócio. A expectativa é que a negociação entre Brasil e Estados Unidos nos fóruns internacionais, como a OMC, possa resultar em algum avanço na redução dessas barreiras.

Enquanto isso, produtores e empresas do setor agrícola aguardam a efetivação dos créditos e das compras governamentais para minimizar os impactos do “tarifaço” e adaptar suas estratégias comerciais para diversificar os mercados.

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