População mais velha e migração impulsiona

População mais velha e migração impulsionam crescimento de lares unipessoais no Brasil, aponta IBGE
O número de brasileiros que vivem sozinhos está em aumento constante. Segundo dados da PNAD Contínua divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os domicílios unipessoais — aqueles com apenas um morador — passaram de 12,2% em 2012 para 18,6% em 2024. Esse crescimento de 6,4 pontos percentuais em 12 anos reflete mudanças demográficas e sociais importantes no país.
Tendências demográficas e culturais
Embora as famílias nucleares ainda sejam a maioria, correspondendo a 65,7% dos lares em 2024, essa participação teve queda de 4 pontos percentuais desde 2012. O IBGE aponta que o envelhecimento da população e os fluxos migratórios são os principais fatores que explicam o aumento dos lares unipessoais.
O Brasil passa por uma transformação significativa na sua pirâmide etária: enquanto a população jovem diminui, o número de idosos cresce. Dados mostram que 69,8% dos brasileiros com 60 anos ou mais utilizam internet, indicando uma geração de idosos cada vez mais conectada.
Além disso, a expectativa de vida das mulheres brasileiras é maior que a dos homens, influenciando no perfil dos domicílios unipessoais. “Embora nasçam mais homens do que mulheres, elas costumam cuidar mais da saúde e manter hábitos mais saudáveis, o que contribui para a maior longevidade feminina”, explica William Kratochwill, analista da PNAD Contínua. Muitas mulheres acabam vivendo sozinhas após os filhos saírem de casa, divórcios ou viuvez, o que contribui para o aumento dos domicílios com um único morador.
Perfil dos moradores unipessoais
Em 2024, 40,5% das pessoas que vivem sozinhas têm 60 anos ou mais. Deste grupo, as mulheres representam 55,5%, enquanto os homens correspondem a 28,2%. Considerando todos os domicílios unipessoais, sem distinção de idade, os homens são maioria, com 55,1%, contra 44,9% das mulheres.
Entre as pessoas que moram sozinhas, o grupo mais representativo está na faixa entre 30 e 59 anos, reunindo 47% dessa população, onde os homens também lideram com 57,2%. Segundo o analista do IBGE, “são homens solteiros ou separados, e os filhos geralmente permanecem com as mães”.
Kratochwill ressalta que o crescimento dos lares unipessoais está associado a mudanças culturais. Muitos brasileiros passaram a adiar o casamento ou até a não considerá-lo uma meta essencial, o que torna morar sozinho uma realidade cada vez mais comum — seja por escolha, fatores externos ou necessidade.
Distribuição regional e impacto migratório
Geograficamente, o Sudeste concentra a maior proporção de domicílios unipessoais, especialmente entre idosos, com 19,6% desse tipo de moradia. O Centro-Oeste e o Sul aparecem em seguida, com 19% e 18,9%, respectivamente. Essas regiões atraem pessoas em busca de melhores oportunidades de trabalho, o que também influencia o crescimento dos lares unipessoais.
No total, a PNAD identificou 77,3 milhões de moradias no Brasil, onde vivem 211,9 milhões de brasileiros. A população está distribuída de maneira desigual: o Sudeste abriga 41,8% do total, seguido pelo Nordeste com 26,9% e Sul com 14,7%. As regiões Norte e Centro-Oeste têm as menores participações, com 8,6% e 8% respectivamente.
Por outro lado, a população jovem (menos de 30 anos) caiu de 98,2 milhões em 2012 para 89 milhões em 2024, uma redução de 9,4%. “A estrutura etária mostra o estreitamento da base populacional, reforçando a tendência de envelhecimento”, destaca Kratochwill.
Conclusão
O crescimento dos domicílios unipessoais no Brasil reflete mudanças profundas na estrutura demográfica e nas relações sociais do país. A combinação do envelhecimento da população, especialmente das mulheres, com a migração para regiões metropolitanas em busca de emprego, e a evolução cultural em relação ao casamento e à vida em família, tem transformado o perfil das moradias brasileiras. Com a queda da população jovem e o aumento da longevidade, a tendência é que os lares com apenas um morador continuem a crescer nos próximos anos, demandando novas políticas públicas e adaptações no mercado imobiliário e social.
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Fonte: g1.globo.com