João Bosco celebra 50 anos do álbum “Caça à raposa

Álbum que deu voz a João Bosco faz 50 anos como crônica afiada da violência social e política do Brasil dos anos 1970 Em 2025, o álbum *Caça à raposa*, lançado por João Bosco em 1975, completa 50 anos de existência. Reconhecido como uma obra fundamental da música popular brasileira, o disco é uma crônica contundente da violência social e…
Álbum que deu voz a João Bosco faz 50 anos como crônica afiada da violência social e política do Brasil dos anos 1970
Em 2025, o álbum *Caça à raposa*, lançado por João Bosco em 1975, completa 50 anos de existência. Reconhecido como uma obra fundamental da música popular brasileira, o disco é uma crônica contundente da violência social e política que marcava o Brasil urbano durante a década de 1970, em plena ditadura militar. Com arranjos elaborados e letras críticas, o álbum consolidou João Bosco como um dos grandes compositores e intérpretes da época, graças especialmente à parceria com o letrista Aldir Blanc.
João Bosco, nascido em 1946 em Ponte Nova (MG), teve início precoce na música, destacando-se pela primeira vez em uma colaboração com Vinicius de Moraes em 1967. Entretanto, foi no Rio de Janeiro, a partir dos anos 1970, que formou sua parceria mais significativa com Aldir Blanc, cuja sintaxe singular marcou a composição dos sambas e canções que viriam a integrar seu repertório. A dupla rapidamente conquistou o reconhecimento da crítica, e artistas como Elis Regina gravaram suas músicas, ajudando a difundir seu trabalho.
O álbum *Caça à raposa* foi produzido por Rildo Hora e contou com direção artística e de estúdio realizada no Rio de Janeiro, em instalações modernas para a época, utilizando gravação em 16 canais. O diretor musical César Camargo Mariano foi responsável pelos arranjos e regência, junto a um grupo de músicos de destaque, como Dino Sete Cordas (violão), Luizão Maia (baixo), Pascoal Meirelles (bateria), Daudeth Azevedo (cavaquinho), Hélio Delmiro e Toninho Horta (guitarras). Este time virtuoso potencializou a mistura rítmica e instrumental que caracteriza João Bosco, cuja influência musical vai da cultura africana ao barroco mineiro, passando pelo universo árabe e pelo molejo carioca.
O repertório do álbum traz dez faixas compostas por Bosco e Aldir, sendo algumas já conhecidas do público por versões anteriores em vozes de cantoras como Elis Regina e Simone. A abertura do disco destaca-se pelo samba-enredo “O mestre-sala dos mares”, que reverencia a luta de João Cândido, símbolo da resistência negra e contra a repressão na Marinha do Brasil. Canções como “De frente por crime” e “Jardins de infância” são exemplos da crônica social e urbana, trazendo narrativas sobre violência, opressão e dificuldades da vida cotidiana durante o regime militar.
O disco não só ressaltou a qualidade musical e poética da dupla, mas também a força do violão como instrumento principal, onde João Bosco manifesta sua habilidade rítmica e harmônica de forma única. Entre as faixas mais populares estão “Caça à raposa” — que deu nome ao álbum —, “Kid Cavaquinho” e “Casa de marimbondo”, sambas que evidenciam tanto o vigor instrumental quanto as letras afiadas e críticas.
Embora o álbum não tenha conquistado inicialmente enorme popularidade comercial, sua importância cresceu com o tempo, e João Bosco firmou-se como uma voz ativa na música brasileira, continuando a lançar discos, a interpretar suas composições e a contribuir para a renovação da MPB através de letras e melodias marcantes.
Com 50 anos completados em 2025, *Caça à raposa* permanece não apenas como uma obra musical de alta qualidade, mas como um documento histórico e cultural que registra o clima de tensão, repressão e resistência do Brasil dos anos 1970, mantendo sua relevância e inspiração para novas gerações de ouvintes e músicos.
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Fonte: g1.globo.com