De Paris a Xangai: como o consumo de luxo entrou em declínio gl

De Paris a Xangai: como o consumo de luxo entrou em declínio global e afetou as gigantes Gucci e Dior O setor de luxo, que viveu uma década de crescimento quase irrestrito, enfrenta atualmente um cenário desafiador em escala global. Empresas consolidadas como a francesa LVMH, dona de marcas icônicas como Louis Vuitton e Dior, e sua rival Kering, responsável…
De Paris a Xangai: como o consumo de luxo entrou em declínio global e afetou as gigantes Gucci e Dior
O setor de luxo, que viveu uma década de crescimento quase irrestrito, enfrenta atualmente um cenário desafiador em escala global. Empresas consolidadas como a francesa LVMH, dona de marcas icônicas como Louis Vuitton e Dior, e sua rival Kering, responsável por Gucci e Yves Saint Laurent, registram queda nas vendas e revêem suas estratégias diante das mudanças no comportamento dos consumidores e um contexto econômico e geopolítico incerto.
Presságios ruins desde Paris 2024
Os primeiros sinais do impacto dessa mudança foram observados durante os Jogos Olímpicos de Paris em 2024, quando atletas devolveram medalhas com sinais de corrosão — peças projetadas pela joalheria Chaumet, pertencente à LVMH. A repercussão negativa afetou a imagem do conglomerado que investiu fortemente em seu patrocínio ao evento, expondo fragilidades mesmo em marcas de renome mundial.
LVMH e Kering: receitas em queda
No primeiro semestre de 2025, a LVMH divulgou uma queda de 4% na receita e de 15% no lucro operacional recorrente, totalizando 9 bilhões de euros (aproximadamente R$ 58 bilhões). Setores como vinhos, destilados, moda e artigos de couro foram os mais afetados, enquanto segmentos de relógios, joias, perfumes e cosméticos mantiveram-se estáveis.
Já a Kering também registrou queda significativa nas vendas no mesmo período, refletindo a retração do mercado. A desaceleração do consumo está ligada a diversos fatores, incluindo preços mais elevados, excesso de estoques e uma saturação da presença do luxo, que perdeu parte de seu apelo exclusivo ao se tornar mais onipresente.
Impactos das tarifas e o comportamento do consumidor
Outro desafio importante para o mercado europeu de luxo são as tarifas impostas pelos Estados Unidos em gestões anteriores, como a de Donald Trump, que aplicou 15% de taxação sobre produtos da União Europeia e 39% sobre artigos suíços, incluindo muitos dos relógios de luxo. Essas barreiras encarecem os produtos no maior mercado consumidor do mundo, criando incertezas para marcas e clientes.
Na China, maior impulsionadora do setor nos últimos anos, o cenário também mudou. Segundo Imke Wouters, especialista em varejo da consultoria Oliver Wyman, o crescimento será mais moderado e seletivo, com algumas marcas prosperando e outras sofrendo. A instabilidade econômica e a maior cautela dos consumidores chineses levaram a uma redução da demanda. Cerca de 75% das compras de luxo passam a ocorrer no próprio país, um salto em relação aos 40% anteriores, refletindo um comportamento mais localista e prudente.
O futuro do mercado de luxo
Relatórios recentes da Bain & Company sugerem que o segmento enfrenta seu maior revés desde a crise financeira de 2008-2009, agravado pela pandemia de Covid-19. As vendas globais caíram 1% em 2024, e a previsão para 2025 é de um declínio moderado entre 2% e 5%.
Por outro lado, a consultoria vê sinais promissores a médio e longo prazo. O aumento da renda global e a transferência de riqueza entre gerações devem ampliar o número de consumidores em potencial, especialmente entre os jovens. Contudo, as marcas terão que reinventar suas abordagens para se conectar emocionalmente com esses novos públicos, evitando depender unicamente dos grandes gastadores e reforçando o apelo além do simples consumo.
Conclusão
O consumo de luxo não desapareceu, mas está mudando rapidamente. De Paris a Xangai, gigantes como Gucci, Dior e Louis Vuitton enfrentam um mercado mais exigente, cauteloso e seletivo. O retoque da exclusividade, inovação e qualidade será essencial para a sustentabilidade futura do setor, que precisa se adaptar a uma nova dinâmica global marcada por desafios econômicos, geopolíticos e culturais.
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Fonte: g1.globo.com