Livro infantil sobre Ney Matogrosso é enfraquecido pela narrativa rasa que deixa escapar a moral da história No mês em que o icônico cantor Ney Matogrosso celebra seu 84º aniversário, foi lançado o livro infantil *Ney Matogrosso – O bicho do mato*, produzido pelos autores Chris Fuscaldo, Camilo Solano e ilustrado pela artista visual Isabela Sultani. O livro, que marca…
Livro infantil sobre Ney Matogrosso é enfraquecido pela narrativa rasa que deixa escapar a moral da história
No mês em que o icônico cantor Ney Matogrosso celebra seu 84º aniversário, foi lançado o livro infantil *Ney Matogrosso – O bicho do mato*, produzido pelos autores Chris Fuscaldo, Camilo Solano e ilustrado pela artista visual Isabela Sultani. O livro, que marca o primeiro lançamento do selo Garotinha FM Livros — braço da editora Garota FM Books —, tem como proposta apresentar a trajetória de Ney de forma a inspirar crianças e adolescentes a valorizarem a liberdade de ser quem são.
A vida de Ney Matogrosso foi uma constante luta contra paradigmas sociais rígidos, guiada por uma busca pela liberdade e autenticidade. Seu percurso artístico e pessoal representa um exemplo de resistência contra dogmas e preconceitos. Entretanto, apesar do potencial inspirador dessa história, o livro não cumpre plenamente seu papel, principalmente por conta de uma narrativa que deixa a desejar.
A obra é escrita em primeira pessoa, simulando o próprio Ney contando sua história para os leitores, mas a redação de Chris Fuscaldo e Camilo Solano se mostra superficial. O texto não aprofunda os conflitos internos, nem os confrontos com a intolerância que marcaram a vida do cantor. Em vez disso, o enredo se concentra excessivamente no apego de Ney à natureza, o que limita a compreensão do público quanto às dimensões emocionais e sociais dessa trajetória.
Falta à narrativa um aspecto lúdico que se espera de livros infantis, e, mais importante, um destaque claro à mensagem de superação e coragem que a vida de Ney Matogrosso oferece. A falta desse foco compromete a moral da história, diluindo o impacto da inspiração que poderia ser gerada entre crianças e jovens leitores.
Por outro lado, as ilustrações de Isabela Sultani são o ponto alto do livro. Com traços vivos e coloridos, elas ajudam a contar a história e capturam momentos importantes da carreira solo de Ney, iniciada em 1975. O trabalho visual enriquece a experiência de leitura, trazendo dinamismo e expressividade às páginas.
Embora *Ney Matogrosso – O bicho do mato* tenha uma proposta relevante e contemple um personagem fascinante, a combinação de texto raso e diálogo pouco envolvente acaba por limitar seu alcance. O livro parece subestimar a capacidade do público infantil e juvenil de compreender narrativas mais profundas, que valorizem a complexidade da vida e obra de Ney Matogrosso.
Em resumo, a obra poderia ser um valioso instrumento de incentivo à tolerância e à liberdade de expressão, mas sua execução textual fragiliza o resultado final. Assim, apesar das ilustrações atraentes, o livro fica aquém do potencial transformador da história que pretende contar.
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Fonte: g1.globo.com