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Candeia, sambista resistente, é celebrado aos 90 anos

Candeia, sambista resistente, é celebrado aos 90 anos
  • Publishedagosto 17, 2025

Candeia, politizado sambista que faria 90 anos, é celebrado como imortal pela força de sua obra Neste domingo, 17 de agosto, completa-se o 90º aniversário de Antonio Candeia Filho (1935-1978), um dos mais importantes sambistas brasileiros, cuja obra segue viva e influente no samba contemporâneo. Conhecido por sua postura firme, politização e compromisso com a cultura afro-brasileira, Candeia é reverenciado…

Candeia, politizado sambista que faria 90 anos, é celebrado como imortal pela força de sua obra

Neste domingo, 17 de agosto, completa-se o 90º aniversário de Antonio Candeia Filho (1935-1978), um dos mais importantes sambistas brasileiros, cuja obra segue viva e influente no samba contemporâneo. Conhecido por sua postura firme, politização e compromisso com a cultura afro-brasileira, Candeia é reverenciado por grandes nomes do samba, como Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Teresa Cristina, que reconhecem sua importância histórica e artística.

Para marcar a data, uma série de homenagens estão programadas, entre elas o lançamento de um single pelo cantor Leo Russo, que traz uma gravação inédita do clássico “Preciso me encontrar” (1976), originalmente de Cartola. Além disso, o grupo Matriarcas do Samba fará show no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, no próximo dia 23 de agosto, celebrando a vida e o legado do sambista. Em fase final, uma biografia escrita pelo jornalista Vagner Fernandes promete aprofundar o conhecimento sobre a trajetória de Candeia, revelando aspectos de sua vida e obra ainda pouco explorados.

Um legado de resistência e tradição

Candeia deixou como legado uma série de composições que se tornaram clássicos do samba, como “Dia de graça” (1970), “Filosofia do samba” (1971), “Luz da inspiração” (1975), “O mar serenou” (1975), “Testamento de partideiro” (1976) e “Zé Tambozeiro” (1978), parceria com Vandinho. Sua música expressava não apenas talento, mas também uma voz firme de resistência cultural e orgulho negro, destacando-se pelo conteúdo político e social.

Entre seus principais feitos está a fundação, em 1975, do Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo, idealizada para preservar e valorizar as tradições afro-brasileiras no samba. Esse movimento surgiu num momento em que Candeia enfrentava descontentamento com a escola de samba Portela, onde fez história ainda jovem ao emplacar um samba-enredo aos 16 anos, o que levou a agremiação à vitória no Carnaval de 1952.

O nome Quilombo simboliza exatamente esse compromisso com a ancestralidade e a valorização da cultura negra, fortalecendo a identidade e a resistência dentro do samba, em um contexto de repressão e desigualdade no Brasil da época.

Vida marcada por desafios pessoais e comprometimento político

Candeia iniciou sua trajetória nas rodas de samba ainda nos anos 1950, mas foi na década de 1970 que consolidou sua carreira de compositor e intérprete. Ele serviu na polícia civil até 1965, quando um incidente durante uma briga de trânsito resultou em um tiro que o deixou paraplégico. Apesar das dificuldades físicas, manteve sua militância e produção artística até sua morte, em 1978.

Conhecido por temperamento forte e por vezes impulsivo, Candeia carregou uma reputação controversa, que muitos interpretam como um rótulo imposto para desviar a atenção da sua postura engajada e crítica. Ele lutava não apenas por justiça social, mas também por um samba mais autêntico e comprometido com suas raízes.

A obra musical que permanece viva

Para quem deseja conhecer Candeia, sua obra está presente em cinco álbuns essenciais: *Candeia* (1970), *Seguinte…: raiz* (1971), *Samba de roda* (1975), *Luz da inspiração* (1977) e *Axé!* (1978). Essas obras são referência obrigatória dentro do samba brasileiro, resistem ao tempo e continuam influenciando gerações.

Mais do que música, Candeia construiu um legado social e cultural que transcende as décadas, sendo lembrado não só como artista, mas como um símbolo de resistência e identidade negra. Seus sambas, longe de panfletários, carregam mensagens firmes em prol da liberdade e igualdade, melodias e letras que habitam a memória popular e são entoadas até hoje nas rodas e festivais.

O povo do samba é quem mantém Candeia imortal, provando que seu canto e sua luta ainda reverberam na cultura brasileira contemporânea.

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Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

Written By
Vitor Souza

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