Polo agrícola espanhol enfrenta desafios ambientais

O controverso ‘Mar de Plástico’ que transformou a região mais seca da Espanha na horta da Europa No sul da Espanha, na região de Almeria, estende-se uma vasta área de aproximadamente 32.000 hectares cobertos por estufas, conhecida como o “Mar de Plástico”. Segundo a NASA, essa é a única construção humana visível a olho nu a partir do espaço. Essa…
O controverso ‘Mar de Plástico’ que transformou a região mais seca da Espanha na horta da Europa
No sul da Espanha, na região de Almeria, estende-se uma vasta área de aproximadamente 32.000 hectares cobertos por estufas, conhecida como o “Mar de Plástico”. Segundo a NASA, essa é a única construção humana visível a olho nu a partir do espaço. Essa estrutura, que ocupa uma extensão equivalente a 44 mil campos de futebol, abriga um sistema agrícola intensivo responsável pela produção anual de cerca de quatro milhões de toneladas de alimentos, entre eles pepino, tomate, pimentão, melancia e melão. Mais da metade da produção é destinada à exportação para diversos países europeus, o que rendeu à região o apelido de “horta da Europa”.
Desenvolvimento: crescimento, desafios sociais e ambientais
O “Mar de Plástico” representa um notável feito econômico, sobretudo porque está localizado em uma das regiões mais áridas da Espanha e da Europa, onde chove em média apenas 54 dias por ano. Na década de 1950, o governo espanhol investiu na exploração dos aquíferos subterrâneos da região, além de importar tecnologias como as estufas, inspiradas no modelo holandês, mas adaptadas com plástico para resistir aos ventos locais. O uso complementar de irrigação por gotejamento garantiu uma produção constante ao longo do ano. Atualmente, a atividade agrícola gera cerca de US$ 5,1 bilhões anuais, representa 40% do Produto Interno Bruto (PIB) de Almeria e abrange aproximadamente 100 mil empregos diretos.
Entretanto, o crescimento acelerado do “Mar de Plástico” traz à tona preocupações importantes. Ambientalistas alertam que a superexploração dos aquíferos pode comprometer a sustentabilidade da região, uma vez que o principal aquífero, Níjar, é utilizado além da sua capacidade de recarga há mais de duas décadas. Segundo especialistas, o consumo anual estimado das estufas gira em torno de 130 hectômetros cúbicos de água, o que intensifica a crise hídrica local, agravada pelas mudanças climáticas.
Além disso, a poluição por resíduos plásticos representa um problema crescente. Anualmente, cerca de 30 mil toneladas de plástico são descartadas, e apesar de esforços para reciclar 85% desse material, o impacto ambiental — incluindo a presença de microplásticos nos ecossistemas marinhos locais — já é detectado por centros acadêmicos internacionais.
No aspecto social, a região enfrenta desafios relacionados às condições de trabalho. Cerca de 60% da força de trabalho nas estufas são migrantes, principalmente do Norte da África. Organizações de direitos humanos denunciam exploração laboral, discriminação e moradias precárias. Muitas dessas pessoas vivem em habitações improvisadas, sem acesso adequado a serviços básicos. Ainda que existam iniciativas para melhorar essas condições, problemas estruturais e falta de fiscalização persistem.
Conclusão: um modelo a ser reavaliado
O “Mar de Plástico” é um exemplo emblemático da capacidade humana de adaptação e inovação, transformando uma zona árida em um polo agrícola relevante para a Europa. No entanto, esse modelo produtivo exige uma revisão urgente para garantir sua sustentabilidade. A superexploração dos recursos naturais e as desigualdades sociais apresentam riscos para o futuro da região.
Líderes ambientais e sociais defendem a redução da escala produtiva, aprimoramento das políticas de uso da água e melhores condições de trabalho para os migrantes envolvidos. Também é fundamental fortalecer o manejo dos resíduos plásticos para diminuir o impacto ambiental.
Assim, conciliar a produtividade agrícola que alimenta a Europa e os desafios ambientais e sociais locais será decisivo para assegurar que o “Mar de Plástico” não se transforme em um problema irreversível, mas sim permaneça como uma fonte sustentável de riqueza e desenvolvimento humano.
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Fonte: g1.globo.com