Por que grandes frigoríficos brasileiros não deverão sentir tanto o tarifaço dos EUA No início de julho, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, u um aumento de 50% nas tarifas sobre a importação de carne bovina brasileira. A medida, conhecida popularmente como “tarifaço”, foi direcionada a produtos brasileiros, preocupando o setor exportador do país. Entretanto, grandes frigoríficos como…
Por que grandes frigoríficos brasileiros não deverão sentir tanto o tarifaço dos EUA
No início de julho, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, u um aumento de 50% nas tarifas sobre a importação de carne bovina brasileira. A medida, conhecida popularmente como “tarifaço”, foi direcionada a produtos brasileiros, preocupando o setor exportador do país. Entretanto, grandes frigoríficos como JBS, Marfrig e Minerva devem conseguir minimizar o impacto dessa sobretaxa, graças à estrutura global de produção e à diversificação de mercados.
Flexibilidade operacional minimiza impactos
JBS, Marfrig e Minerva estão entre as maiores exportadoras brasileiras de carne bovina, com unidades produtivas instaladas não só no Brasil, mas também em outros países da América do Sul e até na Austrália. Essa estratégia permite que essas empresas redirecionem suas exportações para os Estados Unidos por meio de plantas em outras localidades, o que reduz a dependência dos frigoríficos brasileiros diretamente afetados pela sobretaxa.
A Minerva, por exemplo, divulgou que a sobretaxa de 50% nos Estados Unidos poderia impactar, no máximo, 5% da sua receita total. Além do Brasil, a empresa exporta carne para o mercado americano via suas unidades na Argentina, Paraguai, Uruguai e Austrália. No último ano, o faturamento da empresa com exportações para os EUA representou 16% do total, enquanto o Brasil respondeu por somente 30% dessa fatia.
Marfrig, por sua vez, informou que suas remessas para os EUA acontecem a partir de plantas no Brasil, Uruguai e Argentina. Um dado relevante apontado pela companhia é que, em 2023, as exportações brasileiras para os EUA representaram apenas 1,4% das vendas sul-americanas e 0,18% da operação global da empresa, indicando que o impacto da tarifa pode ser moderado.
Já a JBS afirmou, em comunicado, que ainda é cedo para mensurar o efeito total do tarifaço. No entanto, até o segundo trimestre de 2023, não houve impacto significativo nas suas receitas causado pela sobretaxa, que passou de 10% para 50% somente em agosto. Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, destacou que algumas plantas no Brasil que exportavam mais para os EUA podem ser afetadas, mas ressaltou que a plataforma global da empresa permite o redirecionamento da produção e a mitigação dos impactos.
Desafios e limitações na adaptação
Apesar da flexibilidade dessas gigantes, redirecionar volume exportado para outros mercados não é tarefa fácil. Cada país tem suas próprias regras sanitárias, custos logísticos e acordos comerciais, o que pode limitar a capacidade de transferência rápida das exportações.
Além disso, embora a China seja o maior consumidor de carne bovina brasileira, os Estados Unidos continuam sendo o segundo maior mercado e possuem relevância estratégica. Por isso, frigoríficos e entidades do setor vêm buscando negociar com o governo americano grupos para suspender ou reduzir a sobretaxa.
Contexto do mercado norte-americano
Outro fator que confere um certo alívio às empresas brasileiras é a situação da indústria bovina nos EUA. O rebanho americano está em seu menor nível histórico, o que tem elevado a demanda por carne importada e, consequentemente, os preços internos. A JBS prevê que a oferta de gado nos EUA só começará a melhorar gradualmente a partir do final de 2027.
Outro desafio para a JBS nos EUA foi o fechamento da fronteira com o México, em maio, devido à ocorrência do parasita conhecido como bicheira-do-Novo Mundo, que afetou as operações da empresa.
Possíveis impactos para o Brasil
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) estima que as perdas para o setor devido à sobretaxa podem chegar a US$ 1 bilhão em 2025, mesmo com as empresas tentando minimizar os efeitos. A queda nas exportações para os EUA já foi registrada desde maio, após o início da tarifa extra de 10%.
Apesar disso, as vendas totais da carne bovina brasileira para o exterior seguem fortes e bateram recordes em julho, conforme dados divulgados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Conclusão
Embora o tarifaço dos EUA represente um desafio para as exportações brasileiras de carne bovina, a estrutura global e a diversificação de plantas em diferentes países das grandes empresas como JBS, Marfrig e Minerva garantem maior resiliência ao setor. Ainda assim, a indefinição política e as questões logísticas inerentes ao redirecionamento das exportações trazem um nível de incerteza para o mercado. O cenário, portanto, exige atenção contínua por parte das empresas e do governo brasileiro para mitigar eventuais perdas e manter a competitividade do produto nacional no exterior.
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Fonte: g1.globo.com